Cortes nas verbas em educação, ciência e tecnologia, cotas, financiamento privado de pesquisas e o papel da ANPG nos rumos do país foram abordados durante solenidade.
Pela primeira vez, em seus 25 anos de história, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) abriu as portas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), reconhecida pelo MEC como um importante centro de graduação e pós-graduação do país, para realizar o principal evento da entidade. Começou nesta quinta-feira, 03 de maio, o 23º Congresso Nacional de Pós-Graduandos (23º CNPG). Até domingo (6), diversas atividades discutirão o papel que a pesquisa, em especial a pós-graduação brasileira, deve ter na contribuição para o desenvolvimento do país, norteadas pelo tema “Desafios Brasileiros”.
Logo após o almoço, já se via o auditório Leitão da Cunha, localizado no campus da Vila Clementino, sendo tomado pelas delegações estudantis de pós-graduandos vindas de todos os cantos do Brasil. A solenidade de abertura contou com personalidades importantes da academia e da educação brasileira.
Walter Albertoni, reitor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Reinaldo Salomão, Pró Reitor de Pós Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Soraya Smaili, da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo e ex-presidente da ANPG; Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e Alexandre Eduardo Silva, presidente da União Estadual de Estudantes São Paulo (UEE-SP) repaginaram a história da entidade e compuseram a mesa de “boas-vindas” do 23º CNPG.
Temas como o corte nas verbas em educação, ciência e tecnologia, cotas nas universidades, financiamento privado de pesquisas e o papel da ANPG nos rumos do país foram abordados durante toda a abertura, ocupada por mais de 200 pares de ouvidos atentos, entre estudantes e membros do corpo docente da universidade.
Os convidados
Helena Nader começou seu discurso convidando a todos para a grande manifestação marcada para o dia 9 de maio, em Brasília, com o propósito de pressionar o Congresso Nacional a votar imediatamente o PNE com uma meta de investimento público da educação em 10% do Produto Interno Bruto (PIB). “Vamos pedir o apoio de todas as sociedades científicas para a proposta e a manifestação em Brasília. Trata-se de uma oportunidade única para garantirmos recursos expressivos para a educação e as áreas de C, T&I”, ressaltou a presidenta da SBPC.
Atualmente, a rápida aprovação do PNE e a destinação de mais investimentos públicos para a educação, como os 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-sal para a educação, são as principais bandeiras de luta da ANPG, além da campanha pelo aumento do valor das bolsas de pesquisa, divulgada através da hashtag #MinhaBolsaNãoAumentou.
O vice-presidente da SBPC e diretor do Museu da Amazônia, o professor Ennio Candotti ressaltou a importância dessas campanhas e levantou outras duas importantes bandeiras de luta para a entidade: “Além do aumento das bolsas, sugiro garantir o seguro saúde para os estudantes de pós-graduação. Também acredito que seria razoável que, assim como no colégio militar, que o tempo de bolsa contasse como serviço para a aposentadoria”, disse.
Para a ex-presidente da ANPG, Soraya Smaili, a produção científica é justamente a principal moeda de crescimento do país num futuro próximo e daí vem a importância das atividades da ANPG. “Hoje muito do que se faz de ciência e pesquisa e feito por meio da atividade de pós-graduação do país”, justificou Soraia.
O presidente da UEE-São Paulo, Alexandre Silva, encerrou a mesa de abertura relembrando um importante momento da luta estudantil na UNIFESP, quando houve mobilização pela paridade de votos no conselho universitário. “Hoje a Unifesp é uma universidade de excelência e por isso gostaria de saudar este congresso, nesse espaço democrático e de produção da ciência”.
Patricia Blumberg, de São Paulo.