Após participação no congresso, Jorge Guimarães concedeu uma entrevista à ANPG. Confira.
Para aprofundar o panorama da reflexão em torno das causas dos pós-graduandos e da realidade do ensino, da ciência e Tecnologia no Brasil, o 23º CNPG recebeu Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para uma explanação sobre o tema “A década da Pós-Graduação: (PNPG 2011-2020)".
O convidado trouxe à plateia atenta uma série de dados a cerca da evolução dos cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil. Segundo a CAPES, nos anos 70 eram aproximadamente 500 cursos de mestrado e 200 de doutorado. Em 2010, o número chega a 2.700 cursos de mestrado e 1.600 de doutorado. A partir do ano 2000, criou-se ainda a categoria mestrado profissional, que hoje contabiliza 360 cursos.
Um dos temas da exposição de Jorge foi o PNPG. Vinculado ao PNE (Plano Nacional de Educação), o Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020 (PNPG) traz uma série de metas e diretrizes para as políticas de pós-graduação e pesquisa no Brasil. “Temos que desenvolver o país, e sem ciência, tecnologia e inovação não tem saída”, afirmou.
Confira a seguir uma entrevista exclusiva que o presidente da CAPES concedeu à redação da ANPG:
Com o lançamento do PNPG, que prevê as diretrizes da Pós-graduação de 2010 até 2020, como o senhor avalia as condições reais de realização das metas do plano?
Positivamente. Mercadante (Aloizio, Ministro da Educação) queria colocar o PNPG junto com o PNE (Plano Nacional da Educação) e, a não ser que haja algum acidente de percurso, não há muito risco da gente não cumprir as metas propostas. A partir de 2020, estarmos formando 25 mil doutores por ano, o dobro em relação a 2012.
Esse crescimento acontecerá na medida em que houver financiamento, mas as metas do PNPG não são apenas metas para a CAPES, são metas nacionais para a pós-graduação brasileira. O relator do PNE (o deputado Angelo Vanhoni) subiu a meta para 35 mil doutores, o que eu acho uma meta muito ousada mas, para tanto, ele propõe um aumento significativo de orçamento para atingir esse nível.
Como o senhor avalia a relação da CAPES com a ANPG?
Uma situação que aflige os estudantes da UNIFESP e vários outros estudantes é a assistência estudantil: não há restaurante, não há subsídio de estudo, não há moradia. A justificativa do governo federal é que os estudantes pós-graduandos não são alunos, mas profissionais. Qual sua opinião?
Isso é um planejamento que está dentro da autonomia universitária e não há lei que interfira. O que tem ocorrido, quando a ente compara modelos de universidade, é que as universidades demonstram cuidado especial com todos os seus alunos, inclusive a parte de planejamento, mas temos presenciado isso com o programa “Ciência sem Fronteiras”. Essa é uma questão crucial. Hoje, há algumas iniciativas nesse sentido, mas nas principais capitais o planejamento tem sido distorcido e isso não quer dizer que essa dificuldade não deva avançar no sentido de resolver.
Patricia Blumberg, de São Paulo.