Depois de 20 dias de greve, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, se encontrou pela primeira vez com os professores das instituições federais de ensino superior, nesta terça-feira (5), em Brasília. A reunião ocorreu durante o ato realizado pelos docentes, junto com outros servidores federais, na capital. Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), o número de instituições federais de ensino superior (Ifes) paradas já chega a 53.
No encontro, Mercadante prometeu que as negociações sobre o novo plano de carreira não serão suspensas e que a categoria deve ser chamada para conversar pelo Ministério do Planejamento na semana que vem. Já a Andes descartou qualquer possibilidade de encerrar a paralisação. Segundo a presidente da entidade, Marina Barbosa, nenhum item da pauta de reivindicação, como novo plano de carreira e melhores condições de trabalho, foi atendido. Ela criticou ainda a falta de disposição do governo em apresentar uma nova proposta, pois na última reunião, no dia 15 de maio, foi defendido o mesmo texto apresentado em dezembro de 2010.
"A greve está mantida. Nenhum dado relacionado à nossa pauta foi atendido. A greve está forte e a mobilização está crescendo. O governo demorou três meses para substituir o secretário responsável pelas negociações [Duvanier Paiva, morto em janeiro], mas isso não é justificativa. Se eles querem negociar, precisam alterar a sua posição, até para podermos discutir dentro do movimento", afirmou Marina, que ressaltou o apoio dos técnicos-administrativos das Ifes, que devem parar suas atividades na próxima semana.
Movimento Estudantil
Entre os estudantes, o apoio à paralisação vem crescendo. O presidente da UNE, Daniel Iliescu, que participou da marcha em Brasília nesta terça-feira, declarou que existe a possibilidade de greve nacional dos alunos e que o tema seria discutido ainda este mês pelo Conselho Nacional das Entidades Gerais (instância que reúne os diretórios centrais das universidades).
Diversas Associações de Pós-Graduandos têm manifestado seu apoio aos movimentos locais de greve, a partir da análise da realidade local.
APG UFPE, APG UFSJ, APG UFBA, APG UFV e o Fórum de Pós-Graduandos da UFPR já aprovaram moções de apoio. Na UFRJ mais de 2 mil estudantes deliberaram, em Assembleia realizada no dia 29, por greve estudantil. Além do apoio aos professores são reivindicadas pautas específicas como a defesa de 10% do PIB para a educação, maior investimento em pesquisa e extensão universitária e o descongelamento da contratação de novos professores. Também no dia 29 os pós-graduandos do Programa de Sociologia da UFF realizaram uma assembleia geral com mais da metade dos acadêmicos matriculados e deliberaram, por unanimidade, entrar em greve.
Para a presidenta da ANPG, Luana Bonone, a greve dos docentes explicita o grave momento da educação brasileira. “Historicamente a ANPG sempre se posicionou ao lado dos professores em momentos como esse. Acreditamos que além do reajuste salarial é necessário garantirmos 10% do PIB em investimentos para Educação e 2% do PIB para Ciência e Tecnologia”, finalizou.
O MEC argumenta que a greve é precipitada, pois estaria cumprindo um acordo feito no ano passado com a categoria, que prevê aumento de 4% e incorporação de gratificações. A Andes, entretanto, alega que o acerto foi apenas emergencial. Os docentes reclamam da defasagem salarial e de condições de trabalho ruins, que teriam sido agravadas com a expansão de vagas promovida pelo Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
Fonte: Da Redação com O Globo e agências