Os estudantes enfatizam a importância da mobilização social para a democracia e expressam repúdio ao antipartidarismo, ao racismo e à repressão policial
Pós-graduandos e pesquisadores que vivem fora do país publicaram uma carta aberta sobre as recentes manifestações. Os estudantes expressaram alegria em relação às mobilizações que, segundo eles, fortalecem o espaço público e o diálogo social. Contudo, também demonstraram forte preocupação com os setores sociais que buscam sufocar a presença dos partidos e abaixar as bandeiras. A carta pretende reforçar valores democráticos, repudiando, também, reinvindicações de cunho racista e a repressão policial. Estudantes que vivem fora do país e quiserem assinar a carta devem mandar nome, universidade, curso e alguma identificação por número de documento (e.g. número de CPF) para: [email protected].
Leia a carta na íntegra abaixo ou clicando aqui.
Carta aberta de estudantes de pós-graduação e pesquisadores que vivem fora do País
É com alegria e preocupação que – não estando em casa para poder caminhar pelas ruas – contribuímos por meio da presente carta com as atuais manifestações que ocorrem no Brasil. Alegria porque democracia é a livre manifestação de pensamento e é também o fortalecimento do espaço público por meio do diálogo social. Preocupação porque notamos, de parte de um grupo setorizado e infeliz, uma tentativa de transformar o atual momento histórico em uma farsa golpista onde a diversidade de opiniões e de partidos é vista erroneamente como um atentado à “pátria”.
Explicamo-nos: suprapartidarismo faz parte da democracia, antipartidarismo faz parte da ditadura. Se o Brasil, com as presentes reivindicações de melhor qualidade de transporte público e de direito à cidade, aprofunda sua democracia, só o faz porque a sua Constituição e os atos do seu Governo Federal garantem o direito à livre associação e ao livre pensamento. Aqueles que foram para as ruas essa semana com o intuito de levantar apenas a sua voz e abafar todas as bandeiras – que não a do Brasil
– fazem um desserviço à própria nação que dizem defender e corroboram com aquela mesma violência policial que alvejou (e, infelizmente, ainda alveja) a população em várias partes do país. Bandeira alguma deve ser imposta – muito menos a bandeira do silêncio e do único pensamento. Assim:
– repudiamos aqueles que não permitem o uso de bandeiras de partidos políticos e movimentos sociais;
– repudiamos todo tipo de reivindicação de cunho racista e antidemocrático;
– repudiamos a reação desproporcional das forças policiais;
– lembramos que nosso país passou por longos anos de ditadura militar, no qual as bandeiras e a diversidade de partidos eram proibidas, onde a nossa dívida externa cresceu exponencialmente e onde a miséria social foi disseminada;
– afirmamos que o presente Governo Federal foi democraticamente eleito e que vivemos num Estado Democrático de Direito.
Posicionamo-nos pela manutenção da Democracia na forma do atual Governo Federal e convidamos todos ao exercício do respeito democrático à diversidade de opiniões e ao processo eleitoral através do voto.
Saudações,