A Associação de Pós-graduandos da Universidade de São Paulo do Campus de Ribeirão Preto (APG-USP-RP) vem, desde 1976, refletindo e construindo junto à formação de cientistas, professores universitário, dirigentes de órgãos públicos e privados, durante seus anos de formação universitária.
Esta nossa pequena contribuição para os rumos democráticos e jubilosos de nosso país se faz em um processo de diálogo e cooperação com as instituições que tradicionalmente tem em seus papéis uma vultosa responsabilidade neste direcionamento, concomitante a sensibilidade em ouvir aqueles que estão, em sua limitação, colocando proposições relevantes ao olhar do outro lado da prática cotidiana.
Neste intuito, inicialmente, gostaríamos de parabenizar a construção desta parceria de Universidades e Forças Armadas em uma proposta de Extensão Universitária voltada para a educação e o empreendedorismo social, superando a visão utilitarista e impositiva que muito tempo vigorou nas universidades e no círculo da intelectualidade brasileira na relação entre o saber sistematizado e o saber popular.
No mais pretendemos, brevemente, colocar algumas reflexões e proposições para construir em conjunto um novo desafio junto a estas práticas extensionistas de forma a ampliar seus êxitos já bem estabelecidos.
Em termo de educação pós-graduanda, as políticas de Cultura e Extensão são demasiadamente desprezadas pela academia. Quando propomos a discussão sobre as relevâncias sociais de um projeto ou mesmo o planejamento de atividades de educação com a população, nos deparamos com um olhar de estranheza dentro dos colegiados ou grupo de pesquisas.
Outra evidencia que nos traz esta necessidade de fortalecer as atividades de extensão universitária junto à pós-graduação está na ausência explícita de indicadores de Cultura e Extensão, ou o baixo peso atribuído a estes, em avaliações institucionais oficiais.
Daí a imprescindibilidade de ampliarmos uma práxis sólida entre educação-pesquisa-desenvolvimento social-justiça social, como já vemos na graduação, ampliando e valorizando os projetos de Cultura e Extensão que podem ter como exemplo concreto, e de sucesso, a fase atual do “Projeto Rondon”.
Estes projetos, inegavelmente, apenas se consolidarão e perpetuarão com a participação destes que serão futuros docentes universitários, ou outras lideranças em suas áreas, que por sua experiência em Cultura e Extensão durante a pós-graduação irão fomentar e participar ativamente destas atividades no futuro.
Assim se dirigindo a nossa universidade, mas deixando em aberto nossa colaboração com outras faculdades e universidades, as seguinte propostas:
– Elaborar em conjunto e dar suporte a projetos multidisciplinares em todos os campi, com a participação de um grupo formado por docentes, funcionários, estudantes de graduação e pós-graduação, lideranças comunitárias e movimentos sociais, para construirmos internamente e em nossos próprios arredores uma nova proposição de formação de nossos estudantes, de prática para nossos professores e de futuro para estas populações.
– Estabelecer um Programa de Aperfeiçoamento em Cultura e Extensão (PACEx), similar ao Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE) já implantado na USP, que consiste em um programa que ao mesmo tempo: valoriza as atividades de Cultura e Extensão cadastradas junto a instituição que solicitarem a participação de um ou mais pós-graduando; valoriza a inclusão das atividades de Cultura e Extensão na formação universitária; e valoriza a participação do estudante comprometido com esta área com uma bolsa.
Lembramos que na graduação da USP a monitoria departamental, uma atividade que introduz o aluno no conhecimento da educação universitária, possui no PAE um similar que trabalha como uma sistematização do início da docência universitária, assim, naturalmente, esperaríamos que o projeto de “Aprender com Cultura e Extensão”, que introduz a prática aos estudantes de graduação, tenham um similar no PAEX, que não existe hoje.
E se dirigindo aos responsáveis das Forças Armadas pelo Projeto Rondon, colocamos as seguintes propostas:
– Ampliar as atividades e parcerias entre universidade e Forças Armadas, para além do “Projeto Rondon”, ampliando o suporte logístico a atividades de duração mais prolongadas que possibilitem a organização de atividades de Cultura e Extensão de longo prazo dentro do currículo universitário, possibilitando a construção pela universidade de estágios disciplinares em novos cenários de prática e formação profissional. Estas atividades possibilitam ao graduando e pós-graduando novas opções em sua vida profissional, por uma área de atuação que atenda populações ou regiões, ou mesmo se direcionar a carreira militar, que só terão contatos prévios com a existência destas atividades.
– Incluir no quadro de rondonistas a participação dos pós-graduandos como auxiliares de coordenação junto as operações do Projeto Rondon ou projetos similares, lembrando: da dificuldade de participação de mais de um docente pelo período das atividades da operação; da capacidade de supervisão na área profissional graduada deste profissional-estudante; e da necessidade de aproximar os pós-graduandos para que se perpetue a construção destes e de demais projetos de Cultura e Extensão pelos futuros docentes e apoiadores destas atividades.
Mais que propostas, estas são algumas das reflexões e opiniões que esperamos discutir com maior profundidade neste I Congresso Nacional do Projeto Rondon e em diálogos futuros tanto com a USP e demais universidades, quanto com as Forças Armadas, e outros órgãos governamentais envolvidos, mostrando que estamos atentos a necessidade de ampliação e sistematização das atividades de Cultura e Extensão junto a Pós-graduação Strictu-Sensu brasileira e confiantes que as instituições prestigiosas que também empunham a bandeira da Cultura e Extensão nas Universidades, como a USP e demais universidades presentes neste Congresso e as Forças Armadas do Brasil, possam ser receptivas ao nosso esforço pequeno em termo da grandiosidade do tema, mas que se engrandece por estas entidades identificarem nos pós-graduandos e nas instituições que os representam, verdadeiros, parceiros.
Agradecemos a atenção e nos dispomos a colaborar sempre neste sentido, parabenizando a todos por mais esta vitória à Cultura e Extensão Universitária Brasileira.
Associação dos Pós-graduandos da Universidade de São Paulo do campus de Ribeirão Preto
Entre seus diretores:
Claudimar Amaro de Andrade Rodrigues
rondonista, Operação Vale do Ribeira – 2006 (Eldorado-SP) e Operação Centenário da Comissão Rondon – 2007 (Vitória do Jari-AP)
Mariana Lopes Borges
rondonista, Operação Rei do Baiao – 2010 (Santa Maria da Boa Vista- PE)
Silvana Proenca Marchetti
rondonista, Operação Rei do Baiao – 2010 (Santa Maria da Boa Vista- PE)
Ribeirão Preto, 31 de agosto de 2013