Pesquisa aponta Universidade Aberta do Brasil como exemplo de política pública para formação docente
O sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), carro-chefe da parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e as Instituições Públicas de Ensino Superior do país (Ipes) em prol da formação de professores no Brasil, foi o objeto de estudo dos professores Maria Renata da Cruz Duran, do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina (Uel) e Celso José da Costa, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Eles analisaram o sistema UAB como estratégia de democratização e interiorização do ensino.
Para os pesquisadores, a análise mostrou que a UAB é um bom exemplo de política pública para formação docente. De acordo com eles, nessa área, na América Latina, é comum entender-se o governo federal como um grande líder de programas e procedimentos em escala nacional. "No caso do sistema UAB, uma das vantagens é que se agregam diferentes esforços em prol da formação docente, investindo em propostas emergentes no seio do ensino superior público brasileiro", explicou Maria Renata. Ainda segundo ela, o sistema investe numa descentralização gerencial que permite aos órgãos competentes no campo do ensino, instituições de ensino superior, o atendimento mais adequado de suas demandas. Com isso, as chances desse sistema ser mais eficaz em termos de política pública aumentam, e muito.
Com o título "Políticas Públicas de Formação Docente no Brasil: desenvolvimento do Sistema Universidade Aberta do Brasil e capacitação de coordenadores de polos das regiões Norte, Nordeste e Sul", o trabalho, realizado em 2011, foi um dos finalistas do Prêmio Péter Murányi 2013, na modalidade Educação.
Além da descentralização, os pesquisadores afirmam que o sistema universidade aberta do Brasil contribui para a promoção de um amplo processo de inclusão digital no país, colocando em pauta temas como a ética na sociedade do conhecimento e a diversificação na produção e licenciamento de recursos educacionais. O professor Celso José da Costa aponta que essa inclusão digital potencializa a capacidade de difusão internacional do conhecimento no Brasil. "Em rede, aquilo que se produz sobre o país e por brasileiros atinge território internacional, contribuindo para a disseminação de nossa cultura e para nossa integração em âmbito mundial.
De acordo com os pesquisadores a expectativa de trocas e de fusão da sociedade à universidade é grande, mas também muito difícil de ser implementada. "É importante, porém, escapar das armadilhas de programas prontos, universais ou homogeneizantes, na dependência de estruturas alheias ao campo da formação inicial, porque ressalta a necessidade de integrar formação inicial e continuada, de manter nossas políticas públicas a longo prazo e de maneira sustentável e de conferir novos significados e meios de atuação à formação superior no país e suas principais instituições" alertam.
A professora Maria Renata ressalta que a pesquisa prosseguirá "A riqueza dos resultados, certamente, irá se converter para uma melhoria da formação docente em nível nacional, objetivo que a pesquisa científica tem o dever de buscar atingir", afirma.
(Edna Ferreira / Jornal da Ciência)