Na manhã deste sábado (3), o terceiro dia do 24º Congresso Nacional de Pós-Graduandos teve sua programação iniciada pelo Ato Político. A atividade reuniu em torno do tema “Mais verbas para C,T&I: Valorização da Ciência e dos Pesquisadores” o Secretário Executivo de Ciência e Tecnologia da FACEPE, José Bertotti; o professor Emérito da UFRJ e representante da SBPC, Nelson Maculan; a Diretora de Cultura da UNE, Patrícia de Matos; e a Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Patrícia iniciou o debate, dizendo que a dificuldade da área de Ciência e Tecnologia está não apenas na falta de verbas, mas na falta de articulação das políticas públicas brasileiras.
Maculan comentou que os muitos entraves da política de ciência e tecnologia são decorrentes do pacto federativo brasileiro que estabelece as competências dos Estados, municípios e União. “A dimensão continental do Brasil, aliada à falta de diálogo entre os entes federativos, prejudica muito as ações de Ciência, Tecnologia e Inovação”, disse.
Bertotti pontuou que a questão central não é a dicotomia entre a ciência básica e a ciência aplicada, mas a necessidade de se discutir quem financiará cada um desses setores. Disse ainda que a Fundação de Amparo à Pesquisa (Facepe) vai rever o estatuto para incluir um representante dos estudantes de pós-graduação, abrindo, assim, um precedente para futuras inclusões de pós-graduandos nos conselhos das demais fundações estaduais. Por fim, enfatizou o papel da Ciência e Tecnologia como alavanca do desenvolvimento nacional.
Assumindo a palavra após a participação dos convidados, Luana Bonone, presidenta da ANPG, falou sobre o Documento de Direitos dos Pós-Graduandos e defendeu campanhas para o aumento do orçamento de ciência, tecnologia e inovação.
“O Bertotti falou muito bem da importância de se debater a política macro econômica, da política de juros, para enfrentarmos o problema da distribuição de recursos no país. Para que a gente possa lançar uma bandeira nesse sentido, penso que a ANPG deveria convocar, ao final desse congresso, uma caravana em defesa do financiamento da C,T&I em parceria com as instituições da comunidade científica. Nesse debate, devemos pautar inclusive os rumos desse investimento, sobre o projeto de ciência e tecnologia que queremos para o nosso país. Ao mesmo tempo em que debatemos o projeto que nós queremos, discutiremos a superação das dicotomias de investimento em ciência básica e inovação, a ampliação dos investimentos e a garantia de 2% do PIB para ciência e tecnologia (pauta histórica da comunidade cientifica). A ANPG quer apresentar também a importância de disputarmos os recursos do minério que estão sendo agora votados no Congresso Nacional. A nossa bandeira é “Royalties do minério para Ciência, Tecnologia e Inovação”. Contamos com o apoio da comunidade científica, mas principalmente com a mobilização permanente dos pós-graduandos para que possamos pressionar e aprovar essas pautas ”, disse Luana.
Após o Ato Político, os participantes seguiram para o almoço. Na parte da tarde foi instalada a Plenária Final, na qual foram votadas as moções, as propostas elaboradas durante os grupos de discussão, as emendas ao documento de direitos dos pós-graduandos e, por fim, a eleição da nova diretoria da ANPG.
Por Natasha Ramos, do Rio de Janeiro