Por Gabriel Nascimento[1]
Não tem meia palavra. Aécio coloca em xeque o que conquistamos fundamentalmente nos últimos doze anos. O aumento de bolsas de pós-graduação e do investimento em ciência e tecnologia podem ir para o espaço.
Se os pós-graduandos ainda não sabem, deveriam saber. Todo o plano nacional de pós-graduação está em risco. A expansão das bolsas e dos programas que formam cientistas em nossas universidades que aconteceram durante os governos Lula e Dilma estão em risco. E, para os que rezam o contrário, basta ver os discursos dos gurus de Aécio Neves, entre eles o principal, Armínio Fraga. Este senhor, consultor apresentado como proposto futuro ministro da Fazenda de um possível governo Aécio Neves, promete corte de gastos públicos como meios de baixar inflação, inflação que está controlada historicamente desde o início do governo Lula. Para quem não tem memória, é preciso lembrar que FHC entregou inflação alta e hoje a mesma se encontra pela metade. Entretanto, o grande especulador internacional não se contenta em perder muito nessa crise do capitalismo na Europa e Estados Unidos e quer avançar sobre as economias soberanas, entre elas a fortalecida economia brasileira.
Aécio é o inimigo número 1 dos pós-graduandos, das bolsas de pesquisa e das associações de pesquisadores. Se eles não declararam guerra às pautas que o candidato representa, deveriam declarar. A Associação Nacional de Pós-graduandos se prepara para reagir e declarar apoio oficial à Dilma Rousseff. As associações de pesquisadores e de pesquisa deveriam reagir publicamente. O que está em jogo é o futuro da pesquisa no Brasil e seu financiamento. Não são os grandes banqueiros que vão sofrer, são os pesquisadores em formação, é a ciência que hoje lidera os indicadores de pesquisa na América Latina. Quem não se decidir agora, não terá mais chances para reivindicar as decisões do futuro da produção intelectual acadêmica brasileira. Quando Armínio Fraga promete corte de gastos públicos, não é o superávit primário que ele vai reduzir e muito menos a amortização dos juros da dívida pública. O que ele vai reduzir são as bolsas de pesquisa, pós-graduação e produtividade.
O que está em jogo é o fim da ciência brasileira, essa que é ainda menina em quantidade de pesquisadores em atuação, mas que foi duplicada durante os governos Lula e Dilma. Hoje alcançamos, como nunca, 2,7% da produção científica mundial, o que é muito pouco, mas só pudemos alcançar após investimentos dos governos petistas. Há doze anos atrás, na era FHC, representávamos apenas 1,65% da produção intelectual no mundo. Ou seja, é inevitável admitir que crescemos, e precisamos continuar crescendo. O valor das bolsas de pesquisa e pós-graduação foi praticamente duplicado através dos reajustes que a categoria, através da Associação Nacional de Pos-graduandos (ANPG), tem protagonizado. Não há como retroceder e Aécio Neves, com a companhia nada agradável de Armínio fraga, representa esse retrocesso. É para frente que se anda, no Brasil, em sua ciência e através dos seus pesquisadores. Vai em frente, Dilma!
[1] Gabriel Nascimento é Vice-presidente Regional Centro-Oeste da ANPG.
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