Lideranças estudantis de todo o Brasil aprovaram carta sobre posição da ANPG, UNE e UBES no 2º turno
Reunidos na última terça-feira (14), no hotel San Raphael, no centro de São Paulo, diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), além de representantes de DCEs, DAs e CAs de todo o Brasil, redigiram documento de apoio à candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República.
Após 5h de reunião e cerca de 70 intervenções das mais de 100 lideranças presentes, as entidades estudantis concluíram a carta intitulada “Os estudantes têm lado: com Dilma, contra o retrocesso”.
O texto lembra que o último período foi marcado por muita pressão e também diálogo dos movimentos sociais com o poder executivo e legislativo, o que garantiu vitórias de enorme valor para os estudantes, como a aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE). Agora, os governos devem cumprir 20 metas, entra elas, a histórica destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para a educação.
Para as entidades estudantis, o PNE representa o futuro da educação e o compromisso da presidenta Dilma com a juventude e a continuidade das políticas de erradicação do analfabetismo, escolas em tempo integral, valorização do professor, regulamentação do ensino privado, mais verbas para a assistência estudantil, universalização do acesso à creche e expansão de vagas no ensino técnico, superior de graduação e pós graduação, com a predominância do caráter público.
“As e os estudantes foram protagonistas nas recentes mudanças, ocupando as ruas, escolas e universidades. Temos a perspectiva de que podemos avançar ainda mais. Por isso temos um objetivo: dizer não ao retrocesso e apontarmos as transformações que queremos para o futuro”, diz trecho da carta.
Para avançar! ANPG, UNE e UBES com Dilma
A presidenta da ANPG, Tamara Naiz, expôs o posicionamento consensual de todo movimento estudantil. “O Brasil tem se transformado e nos últimos 12 anos promoveu a expansão da educação. Prova dessa política é que nessas eleições o número de analfabetos é inferior ao número total dos eleitores. O Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas. Por isso, nossa posição é contra o retrocesso!”, enfatizou.
A presidenta da UNE, Vic Barros, destacou que, independente de qual candidato seja eleito, a UNE seguirá nas ruas defendendo as pautas justas para avançar na democracia do nosso país. “Não se trata de apoiar um partido ou um candidato, mas de identificar nesse segundo turno quais programas estão em disputa e o que eles representam. No nosso Coneg, realizado em maio e junho, aprovamos o projeto UNE pelo Brasil, uma plataforma eleitoral avançada, e no primeiro turno mais de um candidato contemplava nossas reivindicações. Mas, neste segundo turno, apenas um defende as bandeiras dos estudantes contra a maioridade penal, pelo fim dos autos de resistência, pela criminalização da homofobia, pela reforma política e a favor das metas do PNE. Por isso, é com muita tranquilidade que tomamos um lado e nos posicionamos. Dilma representa o projeto de mudanças do país. Convoco todos para fazermos uma denúncia veemente do que representa o projeto neoliberal para o país”, destacou.
Sobre a reeleição de Dilma, a presidenta da UBES, Bárbara Melo, observa o contexto político atual, comparado ao período anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Para ela, o movimento estudantil é marcado por muitas lutas que garantiram avanços e a conjuntura atual abriu aos estudantes, entre outros avanços, a possibilidade de ingressar no ensino superior. “Se você for a uma escola e perguntar se é possível entrar na universidade, verá a esperança viva nos rostos e sonhos de muitos secundaristas. Para essa juventude, eleger Aécio Neves é eleger a direita, é perder a nossa capacidade de sonhar, a perspectiva de futuro. Por isso, nos convencemos, em posição unificada, que a UBES, a UNE e a ANPG não vão titubear e já lançam o apoio à candidata Dilma”, disse.
Nesta quarta-feira (15/10), as presidentas da UNE, UBES e ANPG entregaram para a candidata Dilma Rousseff, durante ato do movimento educacional em homenagem ao dia dos professores, realizado na capital paulista, a carta aprovada pelas entidades
Em defesa das metas dos PNE
Para as entidades, o projeto da candidatura de Dilma Rousseff é o único que representa um compromisso mínimo com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), a maior conquista do movimento estudantil dos últimos tempos. Depois de anos de luta, passeatas e construção conjunta de todo o movimento educacional, da UNE, da UBES e da ANPG, o PNE foi aprovado e sancionado este ano. O Plano é constituído por 20 metas, com 253 estratégias, a serem aplicadas em 10 anos, que vão orientar ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios no que se refere ao setor. A principal meta garante o investimento de 10% do PIB para a educação que será viabilizado por meio de outra vitória dos estudantes: a garantia de 75% dos royalties do petróleo e 50% do fundo social do Pré-sal para a educação.
“Os avanços obtidos nas políticas educacionais nos últimos anos estão em risco com o atual cenário de crise internacional. A candidatura de Aécio Neves reproduz o discurso de austeridade e ajuste fiscal para combater a crise, levada ao cabo na era FHC por Armínio Fraga e companhia. A lógica neoliberal em cenário de crise já se mostrou um grande equívoco no passado, onde os rombos econômicos sempre foram pagos com a verba destinada para a educação”, destaca outro ponto do documento aprovado pelas entidades estudantis.
Para o movimento estudantil, as vitórias alcançadas nos últimos tempos e as perspectivas de mais avanços, não admitem retrocesso. Na era de Fernando Henrique Cardoso, os 7% do PIB para o setor foram vetados no antigo PNE, e, enquanto oposição ao governo atual, os tucanos tentaram acabar com programas como o ProUni e a política afirmativa de cotas sociais e raciais, colocando-se contra a democratização do acesso à universidade.
Os estudantes têm lado
A carta aprovada em conjunto pela UNE, UBES e ANPG reúne motivos pelo qual os estudantes assumiram o lado de Dilma Rousseff. Os estudantes citam no documento as suas bandeiras que tem consonância com o projeto da candidata, por exemplo, a Reforma Política como instrumento para “reposicionar a disputa eleitoral com o objetivo de diminuir a influência do capital”. O texto aponta ainda outras reformas estruturais necessárias e que precisam ser enfrentadas, como a democratização e regulamentação dos meios de comunicação, a reforma agrária popular, a reforma tributária, a taxação das grandes fortunas e a reforma urbana.
O documento afirma que, nesta disputa polarizada, a neutralidade não é uma opção para os estudantes. “Por isso, posicionamo-nos ao lado daquela que melhor representa os anseios populares e as ideias mais avançadas. Estamos com Dilma Rousseff porque acreditamos no Brasil e, principalmente, na força do nosso povo”.
>> Leia aqui a carta na íntegra.
Fonte: Une