A APG da Universidade Federal de São Carlos realizou, na última terça-feira (16), ato em repúdio ao assédio na instituição de ensino. O ato tomou lugar em frente à Reitoria da universidade, depois da denúncia pública da doutoranda em sociologia, Thais Santos Moya, referente ao assédio que sofreu pelo seu ex-orientador. Essa atividade foi realizada em apoio à Thais e contra qualquer tipo de assédio aos estudantes na universidade.
A APG-UFSCar convocou uma reunião com a reitoria, a PROACE e a Ouvidora para exigir as seguintes pautas:
– a criação de uma secretaria contra assédio aos estudantes
– criação de uma secretaria de apoio à mulher
– investigação, acompanhmaneto e suporte ao caso denunciado pela Thais.
Segundo a página do evento, criado pela APG, “essas reivindicações se fazem necessárias porque esse não é um caso pontual ou isolado desse tipo de violência no âmbito das relações na universidade. Infelizmente, casos de assédio permanecem velados pelo medo e pela opressão que suas vítimas sofrem. Não podemos deixar que casos tão sérios continuem acontecendo e ficando embaixo do tapete, muito menos que sejam menosprezados e tratados como calunia e difamação”.
>>Leia a carta aberta da APG-UFSCar de apoio à doutoranda Thais Moya
Após esse ato, em que a denuncia da doutoranda foi protocolada na ouvidoria, representantes da APG e do DCE se reuniram com a reitoria para levar suas reivindicações, reunião na qual foi alcançada vitórias, mas ainda com resistências da reitoria.
Primeiramente, a advogada que representa a APG e o DCE foi impedida de exercer sua profissão ao ser barrada para entrar na reunião. Além disso, também não estavam presentes nenhum representante da PROACE nem da Ouvidoria como havia sido solicitado. O Vice-reitor Adilson não aceitou a presença deles com a justificativa de que não julgava necessária a presença desses, uma vez que ele era a instância superior máxima da UFSCar a qual os pós-graduandos deveriam se reportar e que o Pró-reitor e a Ouvidora geral se reportam a ele. A reunião teve início mesmo com a insistência dos membros da APG sobre a importância da participação desses representantes que são o canal direto de ligação entre estudantes e administração.
Após longas discussões, os encaminhamentos da reunião foram:
– A criação de uma secretaria para acolhimentos de estudantes em casos de assédio. Essa secretaria estava sendo pensada pela administração e, portanto, já possui local definido: na antiga DICA, atrás da BCo, mas ainda não tem data prevista para seu efetivo funcionamento. “Enfatizamos nesse ponto a extrema importância de haver uma divisão especifica ao apoio à mulher”, constava na página da APG no Facebook;
– A criação de uma cartilha sobre assédio moral a ser lançada na Calourada e na Recepção dos pós-graduandos em 2015;
– A promoção de debates sobre assédio nos centros;
– Maior e melhor divulgação da Ouvidoria.
Especificamente sobre o caso da Thais:
i) a reitoria nomeou, na segunda-feira (15) uma comissão que irá investigar a denúncia. Essa comissão conta com dois professores da UFSCar e uma professora da USP e tem até 60 dias para apresentar o relatório conclusivo;
ii) a universidade dará total acompanhamento e amparo à estudante, que poderá procurar o pró-reitor de assuntos comunitários e estudantis para isso;
Essas são importantes conquistas para o combate ao assédio na universidade, porém muito ainda pode e precisa ser feito para que casos como o da Thais não continuem acontecendo nem que permaneçam impunes.
Da redação
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