UNE, secundaristas e pós-graduandos seguiram até o Congresso Nacional.
Eles também querem o fim do financiamento empresarial de campanhas.
Representantes das entidades estudantis se reúnem com Eduardo Cunha
Estudantes e representantes da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), União Nacional dos Estudantes (UNE) e da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) fizeram na manhã desta quinta-feira (16) uma marcha na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em um ato contra a redução da maioridade penal.
No mês passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição (PEC), que reduz a maioridade penal no Brasil de 18 para 16 anos.
Trata-se do primeiro passo para a tramitação da proposta na Casa. Os deputados da comissão avaliaram que o texto está de acordo com a Constituição. Uma comissão especial foi instalada para apreciar a matéria.
A pauta de reivindicações dos estudantes inclui ainda o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais, a criação de um plano de assistência para alunos do ensino técnico e uma reformulação no currículo do ensino médio.
Às 11h, o grupo se concentrava no gramado do Congresso. De acordo com a Polícia Militar, mil estudantes participavam da manifestação. Os estudantes estimaram até 2 mil pessoas no ato.
O presidente da União dos Estudantes Secundaristas no Distrito Federal, Leonardo Matheus, disse que a redução da maioridade penal seria um retrocesso. “Somos contra. É um atraso para a sociedade brasileira. Quando a gente não dá acesso à educação, cultura, saúde e esporte para a juventude a gente não pode criminalizá-la. A solução é ter mais escolas, e de qualidade”, afirmou.
Por volta do meio-dia, as entidades se reuniram com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para discutir o assunto.
“Foi uma reunião muito tranquila em que os três segmentos do movimento estudantil (ANPG, Ubes e UNE, portanto, secundaristas, universitários e pós-graduandos) pautaram a opinião dos estudantes brasileiros contra a redução da maioridade penal. Isso não havia sido feito antes dessa forma. Muito importante lembrar que a redução da maioridade não diminui a violência em nenhum lugar onde foi pautada e implantada, e os jovens são os mais expostos à violência entre os segmentos brasileiros, sendo que os crimes cometidos por jovens não chegam a 1% dos crimes, segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Temos muita esperança de que essa proposta pode ser barrada”, opinou Gabriel Nascimento, diretor da ANPG.
Manifestação
A marcha dos estudantes teve início às 10h. Eles saíram do Museu Nacional em direção ao Congresso e interditaram três das seis faixas da Esplanada por cerca de 20 minutos, causando lentidão no trânsito.
O ato faz parte da Jornada de Lutas da Juventude, promovida em março e abril, para lembrar as datas de morte do estudante secundarista Edson Luis, morto em 1968 pelo regime militar, e de nascimento do ex-presidente da UNE Honestino Guimarães, então aluno da Universidade de Brasília (UnB), desaparecido durante a ditadura.
“Queremos que a agenda da juventude seja prioridade. Queremos que a Câmara avance na reforma política democrática, com o fim do financiamento empresarial de campanha, invista em escolas e em cultura para a juventude. Queremos que os deputados cumpram o Estatuto da Criança e do Adolescente e não votem a redução da maioridade penal. Enquanto a Câmara quiser retroceder, nós iremos resistir”, afirmou a presidente da Ubes, Barbara Melo.
A estudante de Sobradinho, no Distrito Federal, Beatriz Alves, de 15 anos, apoia uma “reforma geral” nos ensinos médio e técnico. “Deviam ocupar nosso tempo não com matérias desnecessárias. Também acho ridículo a gente fazer educação física. Duas horas por semana só não adianta.”
Da redação com informações do site G1