*Por Thamyres Sabrina Gonçalves
Há alguns meses concluí minha graduação e iniciei o mestrado ambos em universidade pública, ao ler a revista Minas Faz Ciência que recebo desde o início graduação pus-me a pensar sobre a função social do conhecimento científico. Lembrei-me que durante exatamente todos os anos de minha vida acadêmica fui bolsista de pesquisa por meio de agências de fomento do governo: FAPEMIG, CAPES, CNPQ, como pesquisadora, ou seja, o governo investiu em mim, possivelmente pela justificativa de que minhas pesquisas pudessem porventura gerar algo de importante para sociedade, e todo esse investimento foi feito com dinheiro público, daí eu me pergunto: Como faço para devolver a sociedade esse dinheiro? Em forma de conhecimento claro, eu quero fazê-lo!
Mas o que o sistema me permite? Percebi então que minhas possibilidades se limitam a escrever trabalhos científicos a revistas e anais de eventos para um público altamente restrito. Então vejo o quanto o conhecimento ainda é algo inacessível em nossa sociedade, as pessoas que pagam os impostos que bancam pesquisas geradoras de milhões de dólares a fulanos cientistas e empresários, simplesmente não possuem acesso ao que é feito com o dinheiro delas, ora porque não têm estudo suficiente para entender a sofisticada linguagem acadêmica ou pelo próprio caráter academicista da informação científica de qualidade no Brasil que cria inúmeros mecanismos de que o debate sobre temas importantes para toda a sociedade seja restrito aos intelectuais orgânicos da academia, que não fazem a menor questão de que a discussão vá além de “o qualis da revista”, “o renome do autor”, “o conceito de num sei quem”, “a dissertação ou a tese”, e olha que estamos na era da informação!
Então, concluo meu pensamento na crença de que o dinheiro público faz ciência, e é bem investido quando isso acontece, mas não cumpre sua função social caso essa ciência não chegue ao povo, que não tem diploma universitário, que vota errado, que não sabe nem ler direito, mas que paga imposto, e tem direito, de ter acesso a tudo isso. Então nós pesquisadores conscientes, competentes, não sejamos negligentes, lutemos por uma ciência mais acessível, com cada vez mais qualidade, mas que chegue ao povo.
*Geógrafa pela Universidade Estadual de Montes Claros
Mestranda em Ciência Florestal na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Diretora da Associação de Pós Graduandos da UFVJM.
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