Por Caiubi Kuhn*
Recentemente abordei em um artigo sobre “A juventude de hoje e o Brasil de 2050! Como será o futuro?”. Hoje continuarei essa temática dando enfoque a alguns fatores que são capazes de criar as condições básicas para o desenvolvimento social e humano de nossa juventude.
Segundo dados do Fundo de Populações das Nações Unidas(UNFPA) em 2014 cerca de nove em cada dez pessoas com idade entre 10 e 24 anos vivem em países menos desenvolvidos. A população jovem são 1,8 bilhões de pessoas, um número até então sem precedentes na historia da evolução humana. Esse grande contingente de jovens pode representar para os países um Bônus Demográfico, esse bônus trás com ele grandes desafios e grandes oportunidades.
O Bônus demográfico é uma oportunidade de desenvolvimento social e econômico, segundo o UNFPA para que isso ocorra os países precisam investir: 1) no capital humano dos jovens; 2) expandir o acesso à contracepção; 3) aumentar as oportunidades de emprego; e 4) melhorar o acesso ao sistema financeiro.
O início deste percurso passa necessariamente pela garantia de uma educação de qualidade e com isso ampliar as oportunidades de desenvolvimento humano dos jovens. O efeito deste processo todo leva a uma transformação social com a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.
O Grande problema desta história é que no Brasil estamos perdendo, ou melhor, já perdemos a oportunidade de utilizar esse bônus demográfico para de fato iniciar um processo de desenvolvimento no país que seja capaz de criar musculatura para enfrentar os grandes problemas sociais e estruturais da nossa nação.
Como resultado disso tem uma geração que ainda tem dificuldades em ter acesso a um curso superior ou técnico. Ainda se tem uma luta muito grande para se conseguir uma vaga em um curso. No país como um todo o domínio de outros idiomas ainda é um desafio. Toda vez que um jovem não consegue dar continuidades em sua formação o país perde, pois deixa de qualificar e de dar oportunidades para um de seus cidadãos.
Deixo aqui bem claro que sou defensor de uma educação de qualidade e que a expansão deste sistema educacional tem que estar obrigatoriamente ligado a garantia da qualidade do ensino.
Já a geração de oportunidades de emprego precisa estar associada a uma série de políticas planejadas que tenham ligação com um plano de desenvolvimento para o país. Precisamos compreender que no mundo do século XXIé necessário que o Brasil seja inovador e que tenha as condições de desenvolvimento de tecnologias e patentes.
Por fim, a juventude precisa ter acesso ao crédito, precisam ter condições de criar seus empreendimentos. Neste ponto cabe destacar que em nosso país todos nós somos quase assaltados devido aos autos juros cobrados por bancos. A realidade para os jovens não é diferente, e às vezes é ainda pior, pois sem rendas bem estabelecidas por muitas vezes acabam caindo em armadilhas financeiras.
Mas o que estes tópicos têm a ver com o cenário mundial? Nossos jovens estão concorrendo pelas mesmas oportunidades com bilhões de outros jovens que estão em seus países tendo acesso a educação, a políticas de planejamento familiar, a empregos e crédito a baixo custo. Em alguns casos os jovens vêm de outras nações em busca de oportunidades que existem no nosso país. Mas e como ficará a nossa juventude? Com todas essas dificuldades como poderemos construir um país com melhores condições de vida para quando nós estivermos na melhor idade?
*Caiubi Kuhn é professor do Instituto de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso e diretor de Política Educacional da Associação Nacional de Pós-graduandos.
Leia outro artigo de Caiubi:
A juventude de hoje e o Brasil de 2050! Como será o futuro?
Os artigos publicados não expressam necessariamente a opinião da ANPG e são de total responsabilidade dos autores.