Presidenta da ANPG, Tamara Naiz, fala em debate “Juventudes: resistência e luta por direitos de democracia”, em Fórum Social Temático
Músico atuante nas redes participa de mesa organizada pelas entidades estudantis e cobra mais posicionamento dos artistas na luta política
No segundo dia de atividades do Fórum Social Temático em Porto Alegre (20), uma das maiores tendas armadas no parque Redenção ficou lotada para o debate “Juventudes: resistência e luta por direitos de democracia”, com presença de Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas Roque Clube, as presidentas da ANPG, UNE e UBES, Tamara Naiz, Karina Vitral e Camila Lanes, respectivamente, e a vice-presidenta da UNE, Moara Saboya.
Convidado pelas entidades estudantis (UNE, UBES e ANPG), o músico Tico Santa Cruz colocou o dedo na ferida e cobrou dos artistas um posicionamento mais claro e envolvimento maior na luta política.
“A classe artística não quer saber de porra nenhuma, não quer se envolver em nada porque não quer perder os seus privilégios”, disse, com a propriedade de quem não foge da luta e desenvolve um trabalho na música e na literatura não deixando de lado opiniões contundentes contra a onda conservadora e golpista que avança no Brasil.
“As suas responsabilidades são do tamanho dos seus privilégios”, provocou, colocando os artistas contra a parede ao dizer que a posição em que eles chegaram gera, na verdade, não um conforto e, sim, responsabilidade maior diante da participação em questões políticas, sociais e econômicas do país.
“Como artista, pessoa pública, minha função hoje é defender a democracia. Faço nas redes sociais um trabalho de desconstrução do pensamento único. Se todos os artistas que tem grande alcance pudessem levantar esse outro lado, a gente ia diminuir esse cenário de regressão das ideias. A gente precisa de mais informação para formar pessoas que pensem e produzam as suas próprias ideias”, pontuou.
Tico atacou também a concentração da mídia. “Não se pode dizer que estamos em uma democracia se mais de 70% da comunicação está nas mãos de poucas famílias. Não existe democracia sem informação”, disparou.
Para ele, as suas posições acabam criando um afastamento da grande imprensa. Isso, no entanto, é superado pelo contato direto que ele tem com o seu público. “O Detonautas é uma banda que sempre tratou das questões políticas e sociais. Obviamente por causa disso a banda foi afastada dos holofotes. Mas a internet permite a comunicação e isso nos faz continuar a passar a informação para frente”, explicou.
O músico fez ainda um alerta para que os participantes do Fórum não deixem os conservadores criminalizarem os símbolos da luta. “Estão querendo associar os movimentos sociais no âmbito da criminalização. E num país em que as pessoas vão formando as suas opiniões a partir das referências que recebem de uma imprensa não democrática, é muito importante criarmos o contraponto. Os movimentos sociais são importantíssimos na defesa da democracia”, finalizou.
Da redação com informações da UNE