Número revela a interiorização das ações de popularização da ciência desenvolvidas pelo MCTI. Para o secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, SNCT estimula o interesse dos jovens pela ciência, o que faz toda a diferença para o futuro do Brasil.
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) alcançou a marca histórica de mil municípios participantes em todo o Brasil em 2015. O número comprova o sucesso das ações de popularização da ciência desenvolvidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que estão chegando a centenas de municípios do interior do País. Além disso, evidencia a grande capilaridade da SNCT já confirmada pelo crescimento do evento, a cada edição, ano após ano.
“Esse número de mil municípios é importante para a história da divulgação da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no Brasil. A gente verifica um crescimento muito grande da SNCT, justamente, em municípios pequenos, com adesão das prefeituras, secretarias municipais e um protagonismo muito grande das escolas de ensino fundamental e médio”, avalia o coordenador nacional da SNCT, Douglas Falcão, diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia do MCTI.
“A Semana está se interiorizando, 90% dos municípios brasileiros têm menos de cem mil habitantes. Chegar a mais de mil municípios significa que a gente atingiu todas as regiões metropolitanas, todos os estados e o Distrito Federal e estamos avançando cada vez mais para o interior”, acrescenta.
O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis/MCTI), Edward Madureira Brasil, destaca que essa conquista abarca um quinto dos municípios brasileiros. “Esse número representa 20% dos municípios do País e mostra a importância da decisão política de criar uma secretaria para tratar de um tema tão importante”, diz.
Na avaliação dele, o esforço do MCTI com a criação da Secis institucionalizou uma forma de popularizar a ciência no Brasil inteiro. “Nesses mil municípios a gente já tem, regularmente, uma semana de ciência e tecnologia, seja nas escolas, nas universidades, através das secretarias municipais e isso motiva uma série de novas atividades”, afirma.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, que foi coordenador da SNCT por dez anos, ressalta que o evento é, atualmente, “o mais amplo do mundo”. “No sentido de ocupação territorial e número de atividades a SNCT é hoje a mais ampla do mundo. A gente pode comemorar como tendo êxito, mas ainda temos um desafio enorme de atingir todos os municípios brasileiros.”
Além do alcance dos mil municípios, a edição de 2015 também registra um forte aumento do número de instituições participantes (2.530) e de atividades cadastradas (116.873), que segundo Douglas Falcão deverá chegar a 130 mil até 31 de janeiro quando acontece o fechamento do período de cadastramento.
Legado
Para Ildeu Moreira, além de ser um evento importante para o País, a SNCT estimula a criação de diversas iniciativas e ações locais. “A Semana estimulou a criação de centros e museus de ciência em várias regiões e fez com que o pessoal dos estados, municípios e secretarias de ciência e tecnologia se articulasse em atividades ao longo do ano”, explica.
Na avaliação do coordenador Douglas Falcão, o maior legado da SNCT é favorecer a “formação de uma rede” de popularização. “O que a gente observa é que grupos que trabalhavam isoladamente, por causa da SNCT passam a trabalhar em conjunto. Esse é um legado muito importante que a SNCT está deixando no País que é a criação de uma rede de divulgação de ciência, pois as instituições se descobrem, trabalham juntas e isso estabelece uma rede para uma série de ações que vão além da própria semana”, afirma.
O evento também atua como importante propulsor para que jovens estudantes sigam uma carreira nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. “A correlação é absoluta: criança motivada pela ciência vai ser bom aluno na faculdade e eu como professor percebo isso nitidamente. A SNCT reflete na educação de maneira extraordinária. Fortalece o gosto pela ciência, o que vai fazer toda a diferença para o futuro do nosso País”, assegura o secretário do MCTI, Edward Madureira.
Alimentando sonhos: a SNCT nas cinco regiões do País
No Alto Paraguai, um território que abrange 14 municípios do Mato Grosso, a SNCT levou a ciência para assentamentos e comunidades quilombolas e indígenas promovendo a interação da ciência acadêmica com os saberes populares. “Temos comunidades indígenas que explicam o movimento dos astros por outra lógica, então fazer essa interação foi muito interessante”, afirma a coordenadora da SNCT do Alto do Paraguai, Marfa Roehrs. “Mostrar a eles, por exemplo, a ciência que há por trás do som de uma viola de cocho, da matemática que há nas formas geométricas foi o objetivo.”
Ela aponta que a finalidade foi levar às comunidades informações importantes no contexto de cada população e também mostrar outras formas de ciência. “A forma que nós levamos a ciência é sempre interagindo com o saber popular. Levamos o astronauta Marcos Pontes para conceder palestras nas comunidades e com isso fizemos com que estudantes da educação básica alimentassem sonhos de que é possível produzir ciência. Levamos a ciência e a tecnologia a lugares de difícil acesso e, dessa maneira, cumprimos o que o MCTI coloca no sentido de popularizar a ciência”, acrescenta.
Em Roraima, a CT&I também chegou a locais de difícil acesso, como áreas indígenas. A coordenadora do SNCT em Roraima, Ivanise Rivzapti, seguiu o mesmo modelo de divulgação da ciência adotado no Alto Paraguai, que foi unir o conhecimento científico com o conhecimento tradicional indígena. “Esse ano tivemos algumas atividades em área indígenas e isso despertou nessas pessoas a vontade de participar das feiras de ciência e também aprender um pouco mais sobre a ciência que eles fazem no dia a dia”, relata.
Ela acrescenta que a SNCT cresceu significativamente no estado nos últimos cinco anos. “Desde 2011, a gente tem observado que vem crescendo bastante incluindo um número maior de municípios, na oferta de atividades e na quantidade de pessoas que participa nos diferentes municípios em que a gente faz as atividades”, afirma. Ela conta que as crianças estão participando mais do evento. “A gente tem observado uma participação maior das crianças o que tem nos motivado a fazer ações nas escolas, mostras itinerantes, que é uma forma de trazer esses estudantes para as universidades”, acrescenta.
No Paraná, as crianças também foram as principais responsáveis pelo crescimento da SNCT no estado. Segundo o coordenador regional, Rodrigo Reis, a quantidade de municípios participantes aumentou em 2015. “O número cresceu e temos a intenção de expandir ainda mais as atividades. A feira que nos organizamos foi um dos destaques dessa edição. Mobilizamos mais de 300 crianças de várias escolas apresentando trabalhos, fora o número enorme de crianças que visitaram as exposições, oficinas e atividades”, afirma.
A interiorização da SNCT também se destacou no Espírito Santo. “Foi importante para nós o destaque da SNCT acontecer em Vitória e se estender também para o norte do Estado, para os municípios de São Mateus, Santa Maria do Jequitibá, Santa Teresa e Santa Leopoldina. Todos foram atingidos com grandes eventos, cada um com mais de 60 atividades”, conta o coordenador de Atividades da SNCT no estado, José Ballester Júnior.
Já em Pernambuco, o coordenador da SNCT, Antônio Carlos Pavão, acredita que o número de mil municípios alcançados é um marco na história da popularização da ciência. “Esta marca inédita na história da divulgação científica é motivo de orgulho e estímulo para todos que trabalharam na promoção da SNCT, em particular para o Nordeste, onde se localiza um quarto destes municípios”, afirma.
SNCT 2016
Com o tema “Ciência alimentando o Brasil”, a 13a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia acontecerá de 17 a 23 de outubro e será uma oportunidade para discutir o papel da ciência para a melhoria da qualidade da alimentação. “As pessoas vão poder usar esse tema de maneira muito crítica, um convite não só para pensar a CT&I aplicada à alimentação, mas o que significa o alimento de uma maneira mais geral”, avalia o coordenador nacional da SNCT, Douglas Falcão.
Fonte: MCTI