No Chile, ministro participou da cerimônia de lançamento da pedra de reconstrução da nova base brasileira. Pesquisas científicas desenvolvidas no âmbito do Proantar terão novo impulso
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, participou nesta segunda-feira (29) da cerimônia de lançamento da pedra fundamental de reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Uma série de previsões climáticas desfavoráveis impediu o deslocamento da comitiva brasileira ao local onde será construída a nova base, na Antártica, e a cerimônia foi realizada na sede do Instituto Antártico Chileno (Inach), na cidade de Punta Arenas.
A base brasileira, que ocupará o mesmo local da estação anterior, destruída em um incêndio em 2012, dará novo impulso às pesquisas científicas desenvolvidas no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
No discurso, o ministro Celso Pansera agradeceu os esforços de todas as instituições envolvidas no projeto e destacou a importância da EACF para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil.
“Um investimento desse porte e os desafios financeiros e tecnológicos que foram superados significam que julgamos fundamental, para a ciência brasileira, que a Estação Antártica continue pesquisando e nos fornecendo dados importantes para o meio ambiente, para a geopolítica e para nossa economia”, declarou o ministro na cerimônia. “A todos os pesquisadores aqui presentes, gostaria de dizer que continuaremos apostando cada vez mais no sucesso da pesquisa antártica.”
O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, o almirante da Marinha do Brasil, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, o secretário-executivo da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), contra-almirante José Augusto Vieira da Cunha, e o presidente da empresa chinesa Ceiec, Liu Lie Hong, fizeram o lançamento oficial da pedra fundamental da nova base brasileira na Antártica.
Para o pesquisador e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Antártico de Pesquisas Ambientais, Antônio Batista, a construção da nova estação está de acordo com as necessidades da comunidade científica. “Fiz parte das discussões que levaram ao projeto da base com outros representantes da comunidade cientifica, e ele é excelente”, avaliou o pesquisador.
Também participaram da solenidade o tenente brigadeiro da Aeronáutica Nivaldo Luiz Rossatto, o comandante da Força Aérea do Chile, general do ar Jorge Rogles Meira, e os ministros da Defesa do Chile, José Antonio Gómez Urrutia, e das Relações Exteriores em exercício, Edgardo Riveros Marín, além de outras autoridades.
Nova estação
Com uma área de aproximadamente 4,5 mil metros quadrados, a nova EACF contará com 17 laboratórios, ultrafreezers para armazenamento de amostras e materiais usados nas atividades científicas, setor de saúde, biblioteca e sala de estar. A área de pesquisa científica da nova estação foi projetada para atender a uma multiplicidade de exigências, com prioridade para os projetos do Proantar.
O projeto, que usa tecnologia de ponta, foi concebido com a participação direta da comunidade científica, e as obras serão executadas pela empresa China Electronics Import and Export Corporation, vencedora da licitação.
A Estação Antártica Comandante Ferraz foi instalada em 6 de fevereiro de 1984, dois anos após a criação do Proantar. Está localizada na Península Keller, interior da Baía do Almirantado, na Ilha Rei Jorge. Desde a sua instalação, a estação vem contribuindo de forma decisiva para a formação de centenas de cientistas e a construção de um grande acervo de estudos em diversas áreas do conhecimento.
Proantar
O Programa Antártico Brasileiro foi criado em 1982 por um grupo de pesquisadores com o objetivo de desenvolver um programa científico que incluísse o Brasil entre os países do Tratado da Antártica. Em 1991, a assinatura do Protoloco de Madri classificou a Antártica como reserva natural dedicada à paz e à ciência.
Atualmente, o Proantar realiza 19 projetos e conta com dois INCTs dedicados à pesquisa científica na Antártica. Entre os projetos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros no âmbito do Proantar estão ações preventivas sobre o impacto das mudanças globais na Antártica e suas consequências para o Brasil; previsão meteorológica nacional sobre frentes frias antárticas, bem como monitoramento preventivo da radiação solar e da camada de ozônio; aplicações médicas e farmacêuticas e desenvolvimento de bioprodutos a partir de conhecimentos sobre a biodiversidade; e produção de conhecimento aplicado à gestão governamental para subsidiar o Brasil na tomada de decisões políticas sobre a Antártica, inclusive para nosso posicionamento em convenções internacionais.
Fonte: MCTI