Pós-graduandos e pós-graduandas de todo o país foram surpreendidos na última semana com a notícia da suspensão do SAC da CAPES para o cadastro de novos bolsistas. Tal medida bloqueou o acesso de estudantes a mais de 7 mil bolsas de pós-graduação no país.
Muitos deles, que já haviam recebido comunicado de que seriam contemplados com a bolsa e portanto, saíram de seus empregos para receber o direito (visto que não é possível o acúmulo de vínculo empregatício e bolsa) estão em situações bem complicadas para pagar suas contas e realizar suas pesquisas.
“Tive que sair do emprego imediatamente, caso contrário, não receberia a bolsa. Depois de correr para me desvincular, abrir conta em banco, ir em cartório e todos esses protocolos, recebo a notícia que não receberia a bolsa referente ao mês de março, porque o meu cadastro não foi possível, em virtude do sistema ter caído e não ser possível fazer o cadastro na data final para o recebimento em março. Tudo bem. Só mais um mês, acreditava. Quando, nesses últimos dias, recebo a informação que a bolsa está suspensa por 2 meses e, provavelmente, haja cortes de bolsas em todos os programas. Essa é a situação que me encontro, mas, pelo menos aqui na UFC, tem gente em situação igual ou pior, com aluguel para pagar porque não mora próximo à Universidade e outras necessidades”, diz Elayne Correia, mestranda do programa de pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará.
No caso da doutoranda no programa Conhecimento e Inclusão Social em Educação, da Universidade Federal de Minas Gerais, Bárbara Ramalho, a situação foi parecida. “Quando recebi o comunicado, em março, de que receberia a bolsa, pedi dispensa do meu trabalho na Universidade do Estado de Minas Gerais onde dava aula e fui surpreendida com a notícia da suspensão do SAC da Capes. Assim como eu, sei de mais quatro pós-graduandos aqui da Faculdade de Educação da UFMG que estão na mesma situação.”
O doutorando em História da UFOP, Mauro Franco, também foi um dos prejudicados pela Suspensão do SAC da CAPES para novos bolsistas. Ele conta indignado que já havia assinado documentos e pedido demissão no emprego e contava com o recebimento da bolsa.
O mestrando em Psicologia da UFPR, Ramon Cardinali, foi outro pós-graduando diretamente afetado pela suspensão das bolsas “ociosas”. Ao receber a notícia que receberia a bolsa, ele se mudou de Belo Horizonte para Curitiba onde iniciaria o curso, mas foi surpreendido com a notícia da suspensão. “Devido a minha classificação no processo seletivo seria contemplado com a bolsa. Na posse inclusive de uma declaração da instituição certificando minha condição de bolsista (o programa contava com 16 bolsas), me demiti do meu emprego e mudei para Curitiba. Cheguei a alguns dias antes do início das aulas para arranjar um lugar para morar. Aluguei um kitnet próximo a universidade e fiz um contrato de 1 ano de locação. De repente, fui surpreendido com a notícia da suspensão das bolsas e hoje me vejo numa situação de completa incerteza. Firmei um contrato de aluguel, estou em outra cidade e já iniciei minhas atividades acadêmicas. Corro risco de ter que abandonar tudo aqui e ter de pagar uma multa rescisória a imobiliária. Não sei o que fazer”, conta.
A ANPG se posiciona firmemente contra essa medida da CAPES e também contra a suspensão de novas bolsas de pós-graduação no exterior pelo CNPq. A Associação lançou a campanha #BolsaÉDireito, por entender que a bolsa de pós-graduação não é um benefício, mas um direito e deveria ser para conjunto dos pós-graduandos, e não apenas para uma parcela deles.
Dentre as ações realizadas como parte da Campanha, estão o tuitaço #BolsaÉDireito, na última quarta-feira (06), e reunião da presidenta da ANPG, Tamara Naiz, com MEC e CAPES, na última sexta-feira (08), pressionando contra os cortes nas bolsas e nas áreas de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Mobilizações nas universidades em conjunto com as APGs também estão sendo pensadas, como paralisações e manifestações. Procure a APG de sua universidade e mobilize-se!
Em breve, publicaremos mais informações sobre a reunião.
Caso você se encontre em situação parecida, envie seu relato para [email protected].
Da redação