Ao cumprimentar toda a diretoria nacional e as diretorias estaduais, delegados, delegadas, suplentes, observadores e observadoras, convidados e autoridades presentes no 5º Congresso da União de Negros pela Igualdade, desejamos a todos e todas um vitorioso congresso.
Num momento de conjuntura difícil, em que a hostilidade aos movimentos sociais, aos povos tradicionais e aos avanços da última década se apresenta cada vez mais forte, a vida do povo negro está em risco. Com esse governo ilegítimo e sua equipe usurpadora, o direito do povo negro está em risco.
Reunidos neste 25º Congresso Nacional de Pós-graduandos, nós, pós-graduandos negros, expressamos nossa preocupação com um futuro incerto repleto de mais fome, mais miséria e mais escravização moral, patrimonial e laboral do nosso povo negro.
O papel desse 5º Congresso da UNEGRO é o mais central possível no sentido de organizar e reorganizar nosso movimento e pautas no sentido de resistência a todo e qualquer retrocesso. Um governo usurpador e que não chegou ao poder através do voto já começa a tentar rediscutir as cotas na graduação, no sentido de retroagir o país em uma década, mudar a tipificação do trabalho escravo e infantil, levando a uma guinada conservadora que vai escravizar ainda mais o povo negro brasileiro.
Os escravocratas que mataram nossos avós continuam a matar dezenas de milhares de jovens negros todos os anos com uma polícia e um Estado policial. A nossa luta, aqui e aí, é para fortalecer esse movimento de resistência e constituir um novo ciclo de transformações na vida do nosso povo. Aqui e aí estamos lutando por cotas na pós-graduação e por ações afirmativas que combatam o racismo para que a Tia Anastácia vire a doutora Anastácia, para que a filha da Tia Anastácia possa ser cientista, e para que a ciência cumpra seu papel de transformar a realidade e todos que estão nela. Não descansaremos enquanto a ciência só representar o racismo científico e as instituições, entidades e organizações de direita e de esquerda reproduzirem esse racismo de forma vertical e automática. Negros e negras precisam estar em todos os espaços de poder, a postos, prontos para dar o Brasil a conquista das metas ousadas que queremos. Temos dito sempre que não é o negro e a negra que precisam da ciência e de entrar na universidade, mas a universidade e a ciência que precisam do povo negro. Nenhuma ciência terá impacto social enquanto o povo negro não participar da elaboração de seus objetos científicos, enquanto os brancos falarem sobre os negros e enquanto entrar na universidade, na pós-graduação, disputar espaços estratégicos forem tabus para salvaguardar a falsa democracia racial que vivemos. Por cotas na pós-graduação, por mais negros e negras nos espaços de poder, por mais negros e negras mobilizados na resistência democrática, cumprimentamos de forma assertiva a dimensão da reunião de negros e negras no mais importante espaço de unidade do nosso movimento. Viva os negros pós-graduandos! Viva a ANPG! Viva a gloriosa União de Negros pela Igualdade.
Gabriel Nascimento
Giovanny Kley
Flávio Franco
Franciane Conceição da Silva
Nadson Vinícius dos Santos