Em referência ao Dia Internacional das Mulheres, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) homenageia as mulheres cientistas com nomes de destaque nos debates por mais espaços de poder e representatividade feminina na ciência no Brasil e no mundo. Na biografia e nas pesquisas dessas cientistas destaca-se o enfrentamento para afirmarem sua capacidade e competência nos diversos ramos da ciência. Algumas delas, mesmo que não tenham sofrido diretamente certa discriminação de gênero, ainda dedicam suas pesquisas a temas de direitos sociais.
A ANPG é uma entidade de muita luta que se honra de fazer parte dos que defendem uma sociedade mais justa e um desenvolvimento amplo da Ciência, Tecnologia e Inovação. Por isso destaca nesse momento especial algumas das grandes cientistas que também lutam pela ciência e por mais direitos. Assim, espera que elas também possam inspirar todas as mulheres que dedicam e querem dedicar sua vida à ciência e a uma sociedade mais avançada e realmente justa.
1 – Bertha Maria Julia Lutz (SP 02/08/1894 – RJ16/09/1976)
Bertha Lutz foi uma da pioneira enquanto feminista e cientista. Docente e pesquisadora do Museu Nacional foi a segunda mulher a entrar para o serviço público nacional. E uma das pioneiras do movimento feminista do Brasil, responsável direta por ações políticas resultantes de leis que deram direito ao voto às mulheres e igualdade de direitos políticos no início do século XX. Bertha era bióloga graduada na Sciences (ciências naturais) de Sorbonne em Paris, especialista em anfíbios.
Filha de Adolfo Lutz, cientista e pioneiro da Medicina Tropical, e de Amy Bruce Lee, enfermeira inglesa[1], Bertha era bióloga de profissão. Licenciou-se em 1918 em Sciences (ciências naturais) em Paris, na Sorbonne, com especialização em anfíbios anuros. No ano seguinte, passou em um concurso e se tornou docente e pesquisadora do Museu Nacional, tornando-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.
No ano de 1932 o Código Eleitoral concedeu às mulheres do Brasil o direito ao voto. Resultado de muitas lutas dos movimentos feministas da época tendo Bertha como uma de suas líderes. Outras bandeiras feministas também foram levantadas por esta bióloga e advogada combativa, como: luta pelo direito feminino ao trabalho, luta pela licença maternidade, luta contra o trabalho infantil, equiparação de salários e direitos entre homens e mulheres.
2 – Celina Turchi Martelli
Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Goiás, mestrado em epidemiologia pela London School of Hygiene & Tropical Medicine/UK, doutorado pelo Departamento de Medicina Preventiva da USP. Pesquisadora e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (PQ 1C) . Membro do Comitê Assessor do CNPq (2004-2010). Professora titular aposentada do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás/ Departamento de Saúde Coletiva. Pesquisadora do Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde e membro do Comitê Gestor. Atua como Pesquisadora no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães – Fiocruz/Pernambuco com Bolsa de Especialista Visitante desde 2014. Orientadora no Programas de Pós-graduação: Medicina Tropical e Saúde Pública em Doenças Infecciosas/UFG; Universidade Federal de Pernambuco e do CPqAM – Fiocruz (PE). Experiência na área de Epidemiologia das Doenças Infecciosas. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/5867052489026059
A professora e pesquisadora Dra Celina está entre as dez cientistas mais influentes do mundo, segundo a revista britânica Nature (2016). Ela coordena pesquisas, do Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia (MERG), sobre a microcefalia no Brasil e a sua relação com o zika vírus. Celina foi responsável por trazer informações sobre o zika e a relação com a má formação em fetos, questão essa de urgência na saúde pública de nosso país.
3 – Helena Bonciani Nader
É presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em sua terceira gestão, Professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutora em biologia molecular pela mesma universidade. Professora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) (2005). E também Professora visitante das universidades: Loyola Medical School (Chicago, USA), W. Alton Jones Cell Science Center (NY, USA), Istituto Scientifico G. Ronzoni (Milão, Itália) e Opocrin Research Laboratories (Modena, Itália). Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7175631659428994
A Professora Helena tem sido combativa e jogado importante papel nos últimos anos na defesa da ciência e da educação brasileira. Colocou-se firme contra a fusão do Ministério da Ciência e Tecnologia com o das Comunicações, assim como, luta pelos recursos para a Ciência. Helena afirma que os cortes nas universidades públicas e nos programas de investimentos na Ciência, como na Capes e Ciências Sem Fronteira sejam catastróficos para o desenvolvimento nacional.
4 – Raquel Rolnik
Possui graduação e mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Graduate School Of Arts And Science History Department – New York University (1995) e livre docência pela FAUUSP (2015). Desde 1979 é professora universitária no campo da arquitetura e urbanismo, sendo atualmente Professora Associada e chefe do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Urbanista, foi Diretora de Planejamento da cidade de São Paulo e consultora de cidades brasileiras e latinoamericanas em política urbana e habitacional. Foi também Secretária Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades entre 2003 e 2007. É autora de livros e artigos sobre a questão urbana e foi Relatora Internacional do Direito à Moradia Adequada do Conselho de Direitos Humanos da ONU (2008-2014). Desde 2011, é bolsista de produtividade de pesquisa do CNPq. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4877046230472486
A professora e urbanista Raquel tem dedicado seus estudos à luta pelo direito à moradia, foi relatora especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada por seis anos. Em livro lançado recentemente, Guerra dos Lugares, Raquel denuncia a financeirização da moradia no Brasil e no mundo e denuncia a maximização dos lucros em detrimento da pobreza da maioria da população.
5 – Sônia Guimarães
Foi a primeira doutora negra em Física, em Materiais Eletrônicos, no Brasil (1989). É professora do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Com Doutorado (PhD) em Materiais Eletrônicos – The University Of Manchester Institute Of Science And Technology, Mestrado em física aplicada e Graduação em licenciatura em ciências ambas pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/3737671551535600
Em entrevista para o Correio Braziliense a Professora Dra Sônia fala um pouco da importância de se estar atenta à discriminação de gênero também em sala de aula. As mulheres são minoria nas áreas de exatas e muitos colocam em dúvida suas capacidades intelectuais para estes cursos superiores – no caso, de engenharia e física, onde a Professora ministra suas aulas. Então, a Professora Sônia propõe o debate em sala e estimula suas alunas a continuarem desenvolvendo seu potencial.
INTERNACIONAIS
1 – Katherine Johnson, Mary Jackson e Dorothy Vaughan
Consideradas como verdadeiros computadores as Matemáticas da Nasa Katherine Johnson, Mary Jackson e Dorothy Vaughan pertenciam ao seleto grupo de matemáticos que fizeram os cálculos essenciais para as operações espaciais à primeira empreitada humana na órbita da Terra. Katherine foi quem fez os cálculos sobre a trajetória da viagem feita por Alan Shepard em 1961 entre outras jornadas ao espaço sideral.
As três matemáticas negras enfrentaram muitos preconceitos e a lei de segregação racial dos Estados Unidos à época, em meados do século passado, que limitava às profissões de uma mulher negra estadunidense. A entrada de Katherine Johnson na NASA só possível para devido à falta de engenheiros pós Segunda Guerra. (Fonte: El País)
2 – Avtar Brah
Socióloga inglesa pela Birkbeck University of London, premiada com a Mais Excelente Ordem do Império Britânico no Palácio de Buckingham (MBE), em 2001, em reconhecimento à sua pesquisa. Foi Professora associada na Leicester University na década de 1980. Já nos idos de 1985 depois tornou-se Professora da Universidade Aberta, mais tarde foi para Birkbeck University e como professora convidada na Universidade da Califórnia. Brah é membro da Academia de Sociedades Aprendidas para as Ciências Sociais e da Associação Sociológica Britânica (tradução livre).
Feminista, Brah é especialista em questões de raça, gênero e identidade étnica. Entre suas várias publicações no Cartographies of Diaspora destaca-se por suas discussões sobre “diferença” e “diversidade” na questões de cultura, identidade e política, aprofundando-se em pontos sobre classe, sexualidades, etnicidade, geração e nacionalismo nos distintos discursos, práticas e contextos políticos.
3 – Doreen Massey (3/01/1944 – 11/03/2016)
A geógrafa inglesa foi Nobel de Geografia no ano de 1998, dentre outros títulos e premiações, graduou-se em Oxford, fez mestrado em Ciência Regional na Universidade de Pensilvânia. No Centro de Estudos Ambientais (CES), em Londres, referência sobre economia contemporânea britânica, Doreen desenvolveu seus estudos em parceria com outros pesquisadores de referência. Mais tarde tornou-se Professora Emérita de Geografia na Universidade Aberta. Doreen destacou-se com estudos de geografia marxista, feminista e cultural. Mesmo depois de aposentar-se na Universidade a Professora seguiu sendo referência e continuou como palestrante, inclusive em programas de tevê.
4 – Sabina Nikolayevna Spielrein (07/11/ 1885 – 12 ou 14/08/1942)
Sabina Spielrein foi uma psicanalista russa, umas das pioneiras mundiais na psicanálise, que desenvolveu pesquisas sobre esquizofrenia e tornou-se membro da Sociedade de Psicanálise de Viena, em 1911. Nos idos de 1923 Spielrein montou um jardim de infância com Vera Schimdt afim de pesquisar o amadurecimento crítico e analítico das crianças. A psicanalista teve um fim trágico em 1942 sendo assassinada junto com suas duas filhas pelos nazistas em Rostov, cidade onde nasceu.
Fontes:
Sites: El País; Plataforma Lattes; Super Interessante; Correio Brasiliense