ANPG realiza ato pelas Diretas Já e SBPC se posiciona em favor

carteira de estudante

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“Um, dois, três, quatro, cinco mil, se corta na ciência não avança o Brasil”, gritaram as centenas de pessoas na Escola de Engenharia da UFMG durante ato pelas eleições diretas da ANPG
“O conselho da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) já se manifestou em favor das eleições diretas”. A afirmação é do presidente de honra da SBPC, Ennio Candotti, durante o ato “Cientistas e Pesquisadores pelas Diretas Já”, agenda do V Salão de Divulgação Científica da ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos). A associação de pós-graduandos havia cobrado um posicionamento da SBPC por meio de uma moção que, segundo Ennio, será aprovada nesta quinta-feira em Assembleia da entidade na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O ato também teve representações de diversas entidades e personalidades, como a Tamara Naiz, presidenta da ANPG, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG); Marianna Dias, presidenta da UNE (União Nacional dos Estudantes); Ronald Santos, presidente do CNS (Conselho Nacional de Saúde); Jhonatan Almada, Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação do Maranhão; Sandra Regina, vice-reitora da UFMG; o professor Paulo Sérgio Lacerda Beirão, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação; Valéria Morato, CTB/MG (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil); Sabrina Teixeira, CUT/MG (Central Única dos Trabalhadores); e Carlos Wagner, ABCMC (Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência).
Em maio deste ano o Governo Federal reduziu o orçamento da ciência em 44%, um corte de R$ 2,2 bilhões no financiamento de R$ 5 bilhões que o governo havia proposto originalmente para 2017. Os cortes e as políticas conservadoras na educação, previdência e trabalhista se unificam para a luta das eleições diretas. “Nós concluímos neste semestre um momento em que sofremos os mais duros golpes de perda de direitos e da democracia. Terceirização, sanção da reforma trabalhista, ataque a democracia e corte financeiro. (…) Israel investe 4,3% do PIB em inovação ciência e tecnologia. O Brasil em 2016 investiu 1,3% e neste ano a tendência é a mais absurda ameaça à ciência com o contingenciamento de investimentos”, explica Jô Moraes, sobre a urgência do Brasil ter eleições diretas.
Os cortes nos investimentos da ciência e tecnologia vão na contramão do progresso através de novas descobertas feitas a partir de pós-graduandos, mestrandos, doutorandos, cientistas e pesquisadores, como explica Beirão. “Não há nenhum país desenvolvido sem uma base sólida de investimento em educação na ciência e tecnologia. O Brasil estava construindo uma base na ciência e não podemos perder isso. Na década de 50 o Brasil tinha muita desnutrição e foi acabando através de ciência e tecnologia e hoje a gente exporta comida. O Brasil conseguiu algo único, explorar nossa plataforma e achar petróleo no fundo do mar há mais de 7 km de profundidade, o pré-sal. Isso é ciência e tecnologia”, pontua o professor. “Tudo isso está sendo jogado no lixo por causa de uma gangue de assaltantes”, finaliza.
Segundo os convidados, só há um antídoto para superar todo o retrocesso, que é através da democracia e da soberania popular através do voto direto. A ideia também é compartilhada pela UNE. “Junto com a UNE e UBES, a ANPG é a entidade que defende os estudantes e tem o dever de se posicionar para tirar Michel Temer e a política de retirada de direitos. Podemos sim ter um Brasil melhor e a gente conclama que essa bandeira de Diretas Já seja de prioridade. Queremos defender o povo. A saída é o povo decidir os rumos do país e decidir uma nova política que respeita os trabalhadores, estudantes e sociedade em geral”, diz Marianna Dias, reforçando o coro pelas Diretas Já.
Texto: Mateus Marotta Silva