O 26° Congresso Nacional de Pós-Graduandos foi realizado entre os dias 29 de junho a 1° de julho na Universidade de Brasília (UnB) e elegeu como nova Presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduando (ANPG) a mestranda de História Econômica da USP, Flávia Calé.
No encerramento na Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) foram aprovadas nove monções dos assuntos destacados pelos pós-graduandos. A plenária votou ainda as propostas de resolução debatidas durante os grupos de discussão.
Durante a plenária final da CNPG também foi lançada a campanha de previdência para pós-graduandos e a cartilha de orientação contra o assédio moral.
Eleição
Foram cerca de 285 delegados aptos a votar para a nova diretoria da ANPG gestão 2018-2020. A Chapa 2 “Pós-Graduandos em defesa da Ciência e do Brasil” foi eleita com 234 votos.
Avaliação da última gestão
Tamara Naiz deixa a presidência da ANPG após quatro anos de gestão e importantes vitórias: aprovação do Plano Nacional de Educação, conquista de ações afirmativas na pós-graduação, a luta pela manutenção do Ministério de Ciências e Tecnologia, das bolsas da Capes e CNPq, expansão da assistência estudantil, mudança nas regras da revalidação dos diplomas de estrangeiros no Brasil e a aprovação da licença maternidade para bolsistas pós-graduandas.
“Não podemos ainda dizer missão cumprida, mas temos a convicção que trilhamos um bom caminho”, disse Tamara Naiz. A ex-presidenta foi homenageada com um vídeo de agradecimento e aplausos dos delegados presentes durante a plenária.
Perfil da nova Presidenta
A carioca Flavia Calé é a décima primeira presidenta eleita da entidade e a primeira discente da USP eleita na ANPG. No período da graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Flávia foi coordenadora do DCE, mesma época em que foi implementado o projeto de expansão das Universidades Federais, o REUNI, programa importante que contribui para a democratização da universidade brasileira.
“A ANPG tem muitos desafios pela frente e é necessário que a gente faça um novo movimento de reconstrução do sistema nacional de Ciência e Tecnologia, que coloque novamente a pós-graduação no centro da retomado do desenvolvimento do nosso país. Precisamos lutar para a ciência e os pós-graduandos voltem a ser valorizados, pois hoje temos passado por situações muito difíceis”.
Temas debatidos e participação
Delegados de todas as regiões do Brasil estiveram presentes no 26° CNPG e falaram sobre o crescimento da ANPG.
Reginaldo Alves é mestrando em Gestão em Tecnologias Aplicadas à Educação pela Universidade Estadual da Bahia (UEB) e apresentou o trabalho “A Gestão Democrática é um Instrumento de Defesa da Educação Pública” no Congresso.
“A ANPG sai fortalecida do Congresso. Vivemos um momento de ataques a Ciências e a soberania brasileira e a nossa união é fundamental para combatermos os retrocessos. Nós ainda temos uma pós-graduação elitista e branca, mas podemos perceber na diversidade presente aqui na CNPG de Brasília que o quadro vem melhorando”, disse. “Um dos grandes destaques das propostas aprovadas na CNPG foi a exclusão da proeficiência de Língua Estrangeira como critério eliminatório para as bolsas de mestrado e doutorado. Com antigo critério rígido, você eliminava negros e periféricos que não tiveram acesso ao estudo privado de outras línguas”, finaliza.
Já Natália Trindade é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e destaca que a CNPG acerta na pauta de fortalecimento da unidade e soberania nacional.
“As entidades estudantis vem lutando para que a inteligência coletiva nacional esteja a serviço do desenvolvimento e da defesa da democracia no Brasil. Nossa Ciência tem um grande papel para a nossa soberania. Além do acerto no tema do Congresso da ANPG, o encontro também traduziu o enorme problema decorrente da falta de perspectivas de trabalho no país que é o aumento de doenças psicológicas e mentais. A cultura dos pós-graduando ainda é muito individualizada e solitária. Mudar essa cultura coletivizando essas demandas é uma tarefa urgente e um grande desafio. A pesquisa é um trabalho e deve ser valorizada dessa forma. Esse tema também foi amplamente debatido do CNPG”, afirma.
Mestrando em Educação: História, Política e Sociedade pela PUC-SP, Bruno Bianchi destaca a produtividade do Congresso e a diversidade.
“Eu espero que a chapa 2 que eu votei continue com o trabalho de aproximação com a base. Nós estamos montando a APG na PUC-SP e espero que esse trabalho se estenda ainda por muitas universidades brasileiras”
TEXTO: Alexandre Melo