Carta da ANPG as/os pós-graduandas e pós-graduandos e à sociedade brasileira sobre o segundo turno das eleições presidenciais 2018

carteira de estudante

Correto
A Associação Nacional de Pós-graduandos, entidade representativa de todos os pós-graduandos no Brasil, fundada em 1986, vem a público expressar sua preocupação e seu posicionamento em relação à conjuntura eleitoral desenhada no segundo turno das eleições presidenciais neste ano de 2018.
Partimos do entendimento que está colocado em jogo o futuro do país e da democracia brasileira, entre dois projetos: o primeiro representado pela candidatura de Fernando Haddad e a deputada estadual pelo RS, Manuela D’Ávila, enquanto o segundo é representado pelo deputado Jair Bolsonaro e o General Mourão. Diante dessa conjuntura, a ANPG toma para si mais uma vez a responsabilidade histórica de tomar posição sobre os rumos do nosso país. Afinal, o resultado do segundo turno não é indiferente à vida de nenhum de nós.
O descrédito com a política fomentado pela campanha midiática diária que afasta a população do interesse pela participação política alimentou candidaturas que manifestam na aparência a negação e a criminalização da política institucional. A maior expressão desse cenário é a ascensão da extrema-direita, apologista de idéias fascistas e reacionárias e defensora da ditadura civil-militar que acometeu nosso país no século passado.
O projeto representado pela candidatura de Jair Bolsonaro, assentado no ódio e no obscurantismo, tem impulsionado uma onda de intolerância, colocando brasileiros uns contra os outros e ameaçado a nossa jovem democracia. Democracia esta, cara às entidades estudantis que foram as primeiras vítimas da ditadura de 64 justamente por sempre estarem na linha de frente da defesa do povo brasileiro. Estudantes foram brutalmente perseguidos, torturados e assassinados pelo regime ditatorial. Por isso, nossa obrigação histórica é colocar-mo-nos contra qualquer projeto e candidatos que defendam a tortura, o autoritarismo, expressem discursos fascistas e ameacem a nossa democracia.
Não obstante, Jair Bolsonaro tem sido representante do atraso e da continuidade da equivocada política econômica do ilegítimo Michel Temer que ataca os direitos do povo brasileiro e a soberania do país. O candidato além de defender cortes em direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, defende a Emenda Constitucional 95 que congela investimentos públicos em setores estratégicos para retomada do desenvolvimento nacional, como Educação e Ciência e Tecnologia. Além disso, já proferiu ataques ao Estado brasileiro e contra os investimentos públicos em áreas sociais e estratégicas: ataques ao caráter público do ensino superior; a pretensão em acabar com o Ministério da Ciência e Tecnologia; privatizar as empresas estatais brasileiras – bases para nosso desenvolvimento econômico e cientifico; e, entregar as nossas riquezas ao capital estrangeiro. Riquezas essas que deveriam estar a serviço do povo brasileiro, como o pré-sal. Jair Bolsonaro representa um projeto privatista e entreguista em escala sem precedente na história do país.
Por outro lado, a candidatura do professor e pesquisador Fernando Haddad vem se comprometendo com a defesa dos direitos, da democracia brasileira, com a luta contra o autoritarismo e apresenta um roll histórico de realizações no setor educacional e cientifico brasileiro. Os avanços nos investimentos públicos de educação do último período têm assinatura e digital de Fernando Haddad enquanto Ministro de Estado da Educação. Haddad possibilitou o aumento e expansão dos indicadores científicos e do número de matrículas nas universidades públicas, em especial na pós-graduação stricto sensu, que é responsável por quase 90% da ciência produzida no país além do cumprimento das metas iniciais do Plano Nacional de Pós-Graduação (2010/2024) em titulações de mestres e doutores no Brasil. A partir dessas políticas públicas foi possível desenhar um cenário onde temos um parque de pós-graduação com mais de 300 mil estudantes de mestrado e doutorado (sendo 84% matriculados em instituições públicas de ensino), mais de 12 mil residentes em diversas áreas como saúde, medicina e tecnologia, além de mais de 3 milhões de especializações em todo o país.
Ademais, Fernando Haddad assina compromisso com as pautas defendidas pela Associação Nacional de Pós-Graduandos, incluindo a defesa da universidade brasileira e da educação pública, do sistema nacional de pós-graduação e Ciência e Tecnologia, defesa de saúde pública e de qualidade e defesa da soberania brasileira e de suas riquezas. Esse compromisso abre espaço para realizações de anseios do movimento nacional de pós-graduandos. Um Brasil capaz de crescer com igualdade econômica, social e política, tendo a educação e ciência como alicerces para um projeto nacional. Um país com pleno emprego, e emprego qualificado em todas as áreas do conhecimento, com garantia de saúde, educação, transporte e moradia digna para a maioria da população.
Por esses motivos expostos, acreditamos que quem representa melhor os interesses da democracia, da defesa dos direitos dos estudantes de pós-graduação no Brasil e da sociedade brasileira e da defesa da soberania nacional, é a candidatura de Fernando Haddad. Acreditamos no povo brasileiro e sua potencialidade. Com investimentos públicos em setores estratégicos conseguirá construir um projeto nacional de desenvolvimento para atender suas necessidades. Sabemos que a educação e a ciência e tecnologia têm enorme capacidade e potencial para a geração de riquezas e de transformação social e que esse conhecimento deve contribuir para reduzir as desigualdades socioeconômicas de nosso país.
Indubitavelmente, a candidatura de Fernando Haddad representa a melhor possibilidade de avançarmos em pautas históricas de luta da ANPG como a assistência estudantil, o reajuste das bolsas de pós-graduação e a previdência social para os pós-graduandos e pós-graduandas, para garantir melhores condições para o desenvolvimento da ciência em nosso país.
Assim, convocamos a todos os estudantes de pós-graduação a somarem esforços às diversas mobilizações de estudantes nas universidades, comunidades e bairros que vem acontecendo no país de forma a garantir a discussões sobre o rumo do país, a defesa da democracia e nossos direitos e um projeto que vise o desenvolvimento de nossas potencialidades.

Diretoria Executiva ANPG, 17 de outubro de 2018