Você sabia que a pós-graduação brasileira só foi regulamentada pelo Estado brasileiro em 1965? A regulamentação aconteceu com a publicação do parecer 977/65 do então Conselho Federal de Educação (CFF) coordenado pelo deputado Newton Sucupira, que deu nome ao documento.
Para entender por que essa regulamentação só acontece em 1965 é preciso contextualiza-la historicamente. Cabe lembrar que a Universidade no Brasil é algo recente, remonta do primeiro quarto do século passada, e os primeiros cursos de pós-graduação no Brasil só começam a surgir em meados da década de 60 e 70. Até então, era comum os graduados irem para o exterior para fazer uma pós-graduação. Nessa época, o Brasil sofria com um governo civil-militar, o qual pregavam a ideia de “Brasil potência”, mas que apesar dos investimentos no setor, fundação de importantes órgãos como a CAPES, CNPq e FAPESP, o modelo político vigente não buscava solucionar os problemas brasileiros, como a desigualdade social instalada no país.
Naquela época, os pós-graduandos lutavam por melhores condições de fazer pesquisas não se restringindo aos seus interesses e direitos, mas lutavam em consonância com as aspirações democráticas da sociedade. Eles sabiam que além de democracia o país precisava mesmo era um projeto nacional de desenvolvimento, com um sistema nacional de pós-graduação e científico sólido para que a ciência pudesse cumprir sua função social de melhorar a vida em sociedade.
As primeiras organizações de pós-graduandos surgem em 1976, com a primeira Associação de Pós-graduando do país, a APG da Escola Paulista de Medicina (hoje UNIFESP), seguindo logo pela APG da Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro. Isso gera um efeito dominó com APGs surgindo em todo o canto do país, onde havia cursos de pós-graduação. A partir disso, os pós-graduandos começaram a se organizar em torno da Reunião Anual da SBPC, pois era um lugar estratégico para organizarem sua luta política e também influenciar nas discussões e debates que a comunidade acadêmica e científica promoviam em torno do futuro do país.
Ameaçada pelo Regime Civil-Militar, em 1977 a 29 Anual Reunião da entidade foi proibida de realizar-se em Fortaleza – CE e passou para São Paulo, depois de muita luta da intelectualidade e comunidade artística brasileira. Naquele ano, foram mais de 8 000 inscritos, dentre eles grande parte de pós-graduandos que começaram a organizar as primeiras assembleias nacional de pós-graduandos. Entretanto, apenas em 1979, na 31° reunião anual da SBPC, em São Paulo, ocorre o primeiro grande encontro de lideranças do movimento de pós-graduandos: o Encontro Nacional de Pós-Graduandos (ENPG).
O ENPG representou um novo capítulo na história do MNPG, permitindo a troca de experiência entre as APGs de diversas cidades do país e iniciando conversas sobre a criação de uma entidade nacional de pós-graduandos. Até hoje, ocorreram sete edições do ENPG, todas sob a égide das reuniões anuais da SBPC: em 1980, no Rio de Janeiro; 1981 – Salvador; 1982 – Campinas; 1983 – Belém; 1984 – São Paulo; e, 1985 – Belo Horizonte.
Foram durantes esses encontros que foram articulados passos para consolidar o movimento frente à sociedade e ao governo, como a criação da Comissão Nacional Provisória de Pós-Graduandos e a Coordenação Provisória que viria a gestar a futura Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) que nasce em 1986. Além disso, os encontros serviam para dar vazão aos anseios dos pós-graduandos e montar uma rede articulada em relação a educação, ciência e democracia.
Primeiro e segundo Encontro Nacional de Pós-graduandos são definitivos para a identidade da ANPG
O ENPG representou um novo capítulo na história do movimento de pós-graduação que permitiu troca de experiências entre APGs de diversas cidades do país. Foi nesse momento que começou a se debater a criação da ANPG
O segundo ENPG aconteceu em 1980, no Rio de Janeiro, durante a 32 Reunião da SBPC. Neste encontro foi criado a Comissão Nacional Provisória de Pós-graduandos (CNPPG), responsável por articular junto a categoria as regras e condições para fundação da ANPG, e elaborar uma plataforma unificada de reinvindicações que foi entregue ao Ministério da Educação (MEC). Este foi o primeiro documento formal com as demandas dos pós-graduandos ao governo federal.
O documento incluía itens como o nivelamento das bolsas em todo país (exigia-se o equivalente a seis salários mínimos para o mestrado e nove para o doutorado), o direito à assistência médica e a garantia contratual de bolsas pelo prazo de três anos para o mestrado e quatro para o doutorado.
O que esperar do 8º Encontro Nacional de Pós-Graduandos (ENPG)?
Após 40 anos desde sua primeira edição, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) convoca o Encontro Nacional de Pós-Graduandos (ENPG). A 8ª edição do histórico fórum do Movimento Nacional de Pós-Graduandos (MNPG), símbolo da resistência democrática da década de 70, ocorrerá em 06 a 10 de fevereiro de 2019, em Salvador, na Bahia. De caráter consultivo e assim como outrora, o fórum tem por objetivo mobilizar, articular e reunir lideranças e associações de pós-graduandos de todo o brasil para discutir, debater e renovar as pautas do MNPG frente aos novos desafios que se descortinam para pós-graduação, educação, ciência e tecnologia e democracia brasileira.
Esse encontro da Direção Nacional da ANPG com a base de todo o movimento ocorrerá simultaneamente com o 4 ° Encontro Nacional de Grêmios da União Brasileira dos estudantes Secundaristas (ENG da UBES) e o 15ª Conselho Nacional de Entidades de Base da União Nacional dos Estudantes (CONEB da UNE). Reunidos pela primeira vez na história do movimento estudantil, as três entidades convocam suas bases sob a temática “A organização estudantil na resistência democrática” para discutir o futuro do Brasil, elaborar e aprovar uma pauta em comum entre os três segmentos estudantis.
Esse grande encontro estudantil integrará a 11ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) que se transformará nessa edição em Bienal dos Estudantes. A ANPG se juntará a UBES e UNE para realizar o maior Festival de Cultura e Arte da América Latina. Serão cinco dias de programação cultural, mas também de debates e mesas de discussão sobre o Brasil. Mais de 10 mil estudantes vindos de todas as regiões do país vão se integrar ao povo baiano e fazer da Universidade Federal da Bahia a casa da juventude brasileira. O tema nesta Bienal “Gilberto Gil: um reencontro com o Brasil”, vai homenagear a obra do artista evocando o exemplo criativo e combativo de Gil em plena terra de todos os santos.
Atenção pós-graduandos
- entre no site : http://inscricao.une.org.br/;
- vá na Aba Inscrição de trabalhos e preencha (se você for participar de alguma Mostra);
- vá na aba de pagamento preencha e depois do pagamento imprima seu comprovante;
- preencha a inscrição do 8º Encontro Nacional de Pós-graduandos: https://goo.gl/cug6Ce
SERVIÇO
O quê? 11ª Bienal da UNE – Festival dos Estudantes.
Quando? 6 a 10 de fevereiro de 2019.
Inscrições: http://inscricao.une.org.br/
Para o ENPG: https://goo.gl/cug6Ce
Onde? Universidade Federal da Bahia (UFBA), Campus Ondina.
Valor da Inscrição para o Pós-graduando: R$ 100 até 20 de dezembro
R$ 150 do dia 21 de dezembro à 5 de fevereiro de 2019
R$ 200 durante o evento
Programação: em construção
Edital da Mostra Científica: Edital