Boaventura de Souza Santos é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Coordenador Científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa. Na 11 Bienal da Une ele foi homenageado na categoria Projetos de Extensão. Em sua aula na Conferência falou abertamente do pensamento reacionário que atingiu o Brasil e de saídas para mudar a Educação.
Boaventura também se dirigiu ao Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues: “Senhor Ministro é um ignorante. Há 100 os estudantes de Córdoba fizeram uma grande reforma com o objetivo que a Universidade deixasse de ser das “elites do atraso” e se tornassem do povo. Não ao contrario como o senhor propõe”.
Jogo rápido com o professor Boaventura
Batemos um papo rápido com Boventura de Souza Santos. Confira!
O mundo, especialmente a América Latina está sendo atingido por uma onda conservadora. Vamos falar um pouco sobre isso?
Esse conservadorismo esteve sempre latente e nunca foi totalmente derrotado na América Latina. São países com heranças colonialistas e muito dependentes de economias mundiais. O conservadorismo está intrinsicamente ligado as “fábricas” de ódio, medo e mentira que são as bases do pensamento reacionário. Esse pensamento atinge uma população fragilizada e temos como resultado o que estamos vivendo agora.
E qual é o papel do estudante na luta contra esse conservadorismo?
Os estudantes têm que assumir realmente sua responsabilidade. São sujeitos históricos semelhantes aos estudantes de Córdoba e os de maio de 68. Agora, vocês estudantes de 2019 vão assumir o papel de manter a educação independente. Não vão se deixar intimidar e vão assumir uma ofensiva contra esta avalanche conservadora e reacionária.
Está é uma grande Bienal, com uma diversidade imensa e o espaço ideal para traçar estratégias de debates sobre a Educação no Brasil.
Na sua opinião, como os estudantes podem transformar suas Universidades?
Há 100 anos os estudantes de Córdoba lutavam pela Universidade Pública e gratuita. Os estudantes de agora precisam, além desta pauta, avançar em outras questões: trazer mais diversidade e o conhecimento de fora para dentro. Abrir mesmo as portas da Instituição para as comunidades.
O que temos que ficar atentos com o modelo atual de Universidade?
A Universidade foi tomada pelo capitalismo universitário, no sentido de transformar a Universidade em uma empresa. A Reforma de Córdoba é oposto de tudo isso. A proposta é uma universidade aberta e não apenas para uma elite. Atualmente as Universidades estão seguindo em duas direções: uma do movimento em transforma-la em empresa e a outra dos que sabem que o conhecimento produzido é bem comum.