Professores e estudantes saem às ruas do país para protestar contra os cortes na educação e na ciência neste dia 13 de Agosto. É o terceiro levante da comunidade acadêmica contra a política de desmonte implementada pelo governo Bolsonaro na área. Estão previstos atos e manifestações em mais de 150 cidades, em diversos estados.
Desde o início do mandato, o governo elegeu como alvos prioritários a serem combatidos as universidades, institutos federais e órgãos públicos de públicos de pesquisa e planejamento. A primeira reação estudantil veio em maio, quando o governo anunciou cortes de 30% no orçamento de custeio de toda a rede federal, inclusive insinuando que agia em represália à “balbúrdia” nessas instituições.
Os atos de 15 e 30 de maio mobilizaram milhões nas ruas e nas redes sociais, obrigando o governo a fechar um acordo, por ocasião da votação dos créditos suplementares no Congresso, em que se comprometeu a devolver 1 bilhão para a educação e 330 milhões para a ciência.
Ocorre que desde junho os recursos estão retidos pelo Ministério da Economia. Além disso, no dia 30 de julho, novo bloqueio de verbas foi anunciado, atingindo mais 348 milhões do MEC e 59 milhões do MCTIC.
Para Flávia Calé, presidenta da ANPG, os novos cortes demonstram que o governo “avança na agenda de austeridade na mesma proporção em que eleva o tom antidemocrático”. Por isso, considera que o dia 13 de agosto é também um ato pela democracia. “Vamos às ruas defender as verbas da educação e da ciência e tecnologia, a democracia e a liberdade de expressão”, aponta.
Novos cortes ameaçam apagão na educação e na ciência
Diante desse quadro, o risco iminente é de um apagão no sistema público de educação e de ciência e tecnologia. Recentemente, a Universidade Federal do Mato Grosso teve que suspender as aulas por corte do fornecimento de luz. Nos últimos dias, a UFRJ, a UFSC e a UFPR informaram publicamente que, sem a liberação de novos repasses, terão de paralisar as atividades.
Mais grave ainda é a situação dos bolsistas. O CNPq tem informado desde os primeiros cortes que depende de 330 milhões adicionais, que fizeram parte do acordo no Congresso, para pagar seus bolsistas a partir do mês de setembro.
A CAPES já realizou o bloqueio de milhares de bolsas de cursos com avaliação 3 e 4, o que, para especialistas, pode agravar as disparidades regionais na produção científica nacional. Para o professor Humberto Gomes Ferraz, que detém a patente de maior retorno econômico da USP, o corte de bolsas com base apenas na nota é uma forma de ameaça. “Isso é uma boa forma de ameaçar. Ah, vou cortar bolsas da pós-graduação. Isso beira o terrorismo”, disse em entrevista ao site da ANPG. O professor defende que mudanças assim deveriam ser parte de uma programação clara e previamente estabelecida com vistas a aumentar a qualidade, não punições vinculadas ao desempenho anterior.
Atos em todo o país
Um dos motivos do êxito das manifestações de 15 e 30 de Maio foi a grande capilaridade em grandes, médias e pequenas cidades do país, o que promete se repetir agora no 13 de Agosto. Em diversos municípios os atos já se iniciaram agora pela manhã.
Em Salvador (BA), Fortaleza (CE), São Carlos (SP), Cabo de Santo Agostinho (PE), Viamão e Sapucaia do Sul (RS) foram alguns locais que realizam as concentrações desde cedo. Segundo a cobertura do G1, só até às 12h30, 15 estados e o Distrito Federal já contabilizavam mobilizações.
Em São Paulo, o ato está marcado para às 15h, no MASP, onde estudantes e pesquisadores se encontrarão com professores da Apeoesp e depois descerão em caminhada até a Praça da República.
Acompanhe as notícias sobre as manifestações: https://une.org.br/noticias/minuto-a-minuto-acompanhe-o-tsunami13a-educacao-em-todo-o-brasil/