Crédito das fotos: Ecoa UFSC
Por Comitê de Greve da UFSC
A ação faz parte do calendário grevista e tem como objetivo aproximar a população da universidade
Quem passou pelo Centro de Florianópolis nos dias 2 e 3 de outubro teve mais uma oportunidade de conhecer as pesquisas acadêmicas desenvolvidas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O evento intitulado UFSC na Catedral fez parte do calendário de atividades realizadas pelos alunos da graduação e pós-graduação, em greve desde o início de setembro, e contou com o apoio de professores e técnicos da UFSC que aderiram à paralisação nacional de 48h.
A organização montou uma grande tenda em frente à Catedral Metropolitana e dividiu o espaço em estandes onde foram apresentadas as pesquisas. Além das exposições, a comunidade acadêmica realizou, durante esses dois dias, aulas públicas, panfletagens nos principais pontos do Centro, além de ações sociais na área da saúde, esclarecimentos jurídicos e distribuição de mudas. O objetivo principal da iniciativa foi mostrar os projetos desenvolvidos na universidade e seu impacto para a população e para a região.
Em entrevista ao Telejornal da UFSC, a estudante de Biologia, Luana Azevedo, esclareceu para quem passasse pelo local que “o verdadeiro pulmão do mundo são os oceanos. E quem é responsável por isso são as algas, elas que produzem 55% do oxigênio que a gente tem na a
Para além da UFSC, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos de universidades de todo o país se organizaram para a mobilização desses dois dias que, em Florianópolis, culminou com um grande ato unificado e uma marcha pela Ciência e a Educação, que teve início em frente à Catedral, na tarde desta quinta-feira (03). Em passeata, manifestantes reiteraram o chamado a uma greve nacional da Educação, cujos pontos centrais são a restituição do investimento na educação e a rejeição à proposta representada pelo Future-se.
Greve na Educação
Movimentos populares convocaram uma paralisação de 48h para alertar o governo sobre a possível greve geral da educação. Os manifestantes reclamam da falta de investimentos nas pastas que envolvem a educação e ainda repudiam os cortes realizados pelo Governo Federal. Apesar da liberação de verbas a conta-gotas realizada pelo MEC desde o anúncio do contingenciamento de verbas para a Educação, de R$ 6,1 bilhões, os 15% que seguem bloqueados, ou R$ 3,8 bilhões, colocam em risco as instituições públicas brasileiras e representam um boicote no avanço das pesquisas científicas. Há, ainda, previsão de uma situação orçamentária mais precária para o próximo ano, devido à redução da verba de custeio para as universidades, que está em discussão no âmbito da Lei Orçamentária para 2020.
Desde o bloqueio, não só a Federal de Santa Catarina, mas também outras universidades vêm realizando assembleias para discutir o projeto Future-se, cortes na educação, orçamentos e a greve geral como forma de pressionar o governo Bolsonaro a comprometer-se com um ensino público, gratuito e de qualidade. A UFSC foi pioneira neste processo, deflagrando greve discente no início de setembro na graduação e pós-graduação por tempo indeterminado. Professores e demais servidores não aderiram à greve dos estudantes, mas estiveram envolvidos na paralisação de 48h.
Impactos da universidade pública na sociedade
Dados apurados entre 2013 e 2018 sobre a produção científica brasileira apontam a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como a 9ª universidade que mais produz ciência no país, e a 6ª universidade em produção de impacto. Os dados são do relatório elaborado pela empresa Clarivate Analytcs e divulgado no dia 5 de setembro.
Estes dados se somam às informações divulgadas em abril deste ano que demonstravam que as instituições públicas de ensino e pesquisa são responsáveis por quase toda a produção científica nacional, totalizando 99,38% de todos os trabalhos científicos brasileiros.
Os contingenciamento de recursos para as instituições de ensino federais anunciados este ano pelo MEC afeta a continuidade deste trabalho de pesquisa no país.
A reitoria da UFSC já anunciou em assembleia com os estudantes, no começo de setembro, que caso não haja o desbloqueio da verba, a universidade tem recursos para funcionar só até este mês de outubro. Foi diante deste cenário que os estudantes da UFSC entraram em greve, para chamar a atenção da sociedade para a grave situação de desmonte da ciência e tecnologia no Brasil.