Documento para meia-entrada emitido pelas entidades de estudantes fomenta a luta por direitos e a cidadania nos estados, municípios, escolas e universidades
A emissão do Documento Estudantil é a maior fonte de renda das entidades estudantis nacionais – UNE, UBES e ANPG -, mas não garante o financiamento apenas delas. Muitos movimentos secundaristas e universitários em todos os cantos do País contam com a receita para realizar atividades, lutar pela educação pública e direitos da juventude.
Graças a essa articulação pulverizada, é possível que milhares de municípios se mobilizem ao mesmo tempo, como se viu nos atos de 15 e 30 de maio do ano passado. Também ficam viáveis ações e reivindicações específicas de cada região ou instituição de ensino. A receita ajuda na produção de materiais, manutenção da sede, deslocamentos dos representantes e realização de atividades.
Em Guarulhos (SP), por exemplo, a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) conquistou em 2019 o passe-livre para estudantes de baixa renda. “Não teríamos dialogado na cidade do mesmo jeito sem a receita das carteirinhas, que possibilita materiais, campanhas e ações”, explica o presidente da UEE-SP, Caio Iudi. Ele lembra ainda que neste estado o Documento Estudantil das entidades garante o meio-passe para qualquer estudante.
Em Pernambuco, o presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (UMES-PE), Ronny, também diz que, sem a receita das carteiras, a luta pelo passe-livre teria sido muito mais restrita. No Recife, estudantes da rede estadual têm este direito desde 2015.
“Graças à renda, temos uma representatividade forte também no interior do estado, pois conseguimos realizar encontros, atividades, rodas de conversa”, conta Rony. Tanto em escolas como em universidades, principalmente nas periferias e no interiores, o movimento estudantil têm o papel de incentivar a cidadania, ampliar horizontes e perspectivas da juventude.
Como funciona a rede
O movimento estudantil se organiza como uma teia. UNE, UBES e ANPG são as entidades nacionais de universitários, secundaristas e pós-graduandos, respectivamente. Além delas, existem as entidades estaduais e municipais. Na ponta das redes estão os grêmios escolares e, nas universidades, os Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs), Centro Acadêmicos (CAs) e Diretórios Acadêmicos (DAs), além das Associações de Pós-Graduandos (APG).
Algumas entidades locais e de base estabelecem parcerias com as entidades nacionais para emissão do documento. Neste caso, retirados os custos de produção das carteiras, o lucro é dividido entre a rede. Outras, ainda, emitem suas carteirinhas por conta própria, arcando com os custos de produção. De qualquer uma destas formas, ficam garantidos os direitos e as lutas dos estudantes nas mais diversas localidades.
Fortalecer o movimento
Para as entidades nacionais, a ideia do governo Bolsonaro, ao criar uma Identidade Estudantil gerida pelo Ministério da Educação, é tentar enfraquecer todo o movimento de estudantes, que vêm tecendo críticas à atual gestão. Fortalecer a carteirinha dos estudantes de verdade é fortalecer toda esta rede.
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