Diretoria da ANPG comemora 1 ano de gestão e debate dossiê Florestan Fernandes

Neste dia 23/07, na cidade de Curitiba, teve início a reunião da diretoria plena da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Durante os próximos dias, no campus central da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a entidade realizará o 18º Encontro Nacional de Jovens Cientistas e participará de diversas atividades no âmbito da 75ª Reunião Anual da SBPC.

O presidente da ANPG, Vinicius Soares, abriu a reunião lembrando que a atual gestão completa um ano de intensas lutas políticas. “Há um ano, éramos eleitos para a direção da ANPG com o desafio central de derrotar Bolsonaro, que era o inimigo principal da ciência. Com menos de 100 dias do novo governo, conseguimos conquistar o histórico reajuste das bolsas de estudos. Chegamos a julho de 2023 com um governo de frente ampla e nós, como movimento social, precisamos disputar os rumos do governo para conquistar nossas pautas”, afirmou.

Além da vitoriosa campanha do reajuste, Vinicius apresentou outras melhorias obtidas para os pós-graduandos através de novas portarias da Capes. A Portaria 79/2023, que trata das bolsas do Programa de Demanda Social, revogou a exigência de que os beneficiários fixassem residência nas cidades em que fazem o curso. Já a Portaria Conjunta Capes e CNPq, editada em 10/07, acabou com a exigência de vínculo exclusivo para os bolsistas, o que possibilita que estes desempenhem outros trabalhos para complementação de renda.

Alterações na diretoria

Ainda no início da reunião, a mesa apresentou e submeteu à aprovação do plenário três alterações na diretoria da entidade. Leonardo Silva, que era diretor de combate às opressões, agora assume a secretaria-geral da entidade. Carolina Gonçalves Birrer assume a pasta de combate às opressões e Giovanny Kley foi indicado novo diretor de movimentos sociais da ANPG.

Deixaram a diretoria os pós-graduandos Raquel Luxemburgo, secretária-geral anterior, e Victor Ferreira, então diretor de movimentos sociais.

Dossiê Florestan Fernandes

Uma parte da reunião foi dedicada ao debate do dossiê Florestan Fernandes, que foi apresentado aos dirigentes da entidade e de diversas APGs que compareceram ao encontro. As pesquisadoras e ex-presidentas da ANPG, Elisângela Lizardo e Luana Bonone, e Cristiane Fairbanks, doutora e ex-presidenta da APG da PUC/SP, foram as coordenadoras do estudo, que será lançado publicamente amanhã.

Elisângela, que atualmente é assessora do Ministério de Ciência e Tecnologia, falou que um dos traços mais marcantes da pesquisa é a dificuldade de absorção da mão de obra qualificada de mestres e doutores no mercado de trabalho. O dossiê revela o fenômeno da “trituração de diplomas”, que é a necessidade de aceitar funções aquém de sua formação para obter trabalho e renda.

Fairbanks fez uma análise comparada entre a situação dos pós-graduandos no Brasil e em outros países de maiores índices de desenvolvimento. Embora ressalte as dificuldades de traçar comparações, dadas as diferenças econômicas e culturais dos países, é uma realidade a defasagem dos valores das bolsas. “A bolsa paga no Brasil está muito abaixo dos valores. Na Alemanha, um doutorando recebe o equivalente a 30 mil reais. Nos EUA, algo próximo a 18 mil”, pontuou.

Luana Bonone considera que há uma necessidade urgente de debater o desenvolvimento do país como a única possibilidade de reverter o problema de empregabilidade dos pós-graduandos. “Tem a questão da ampliação das bolsas, mas também é fundamental olhar o país. Ou o Brasil volta a ter um ciclo de desenvolvimento, ou haverá sempre essa situação de involução de carreira: mestrado, doutorado, desempregado”, problematizou.

A reunião continua nesta segunda-feira pela manhã, quando será convocado o 45º Conselho Nacional de Associações de Pós-Graduandos da ANPG.