Ministra Luciana Santos defende reajuste anual das bolsas e direitos previdenciários para os pós-graduandos

Na manhã deste sábado (13), o Congresso da ANPG recebeu a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que apresentou uma prestação de contas das ações da pasta e apontou perspectivas de novas realizações. Participaram da recepção o presidente da ANPG, Vinícius Soares, e a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, professora Sandra Goulart.

Em sua apresentação, Vinícius alertou que, mesmo com os esforços da atual gestão, as defasagens orçamentárias acumuladas desde 2016, agravadas no governo Bolsonaro, criaram um cenário de riscos potenciais para a ciência nacional. “Há uma crise de quadros técnicos, causada por um eclipse de direitos sociais e desvalorização por estarmos na condição híbrida. Nos últimos anos, tivemos evasão de 30 mil pós-graduandos e deixamos de titular 9 mil doutores”, disse.

Segundo o presidente da ANPG, hoje a pós-graduação é muito mais diversa do que no passado e isso exige novas políticas públicas. “Os filhos do pedreiro e da empregada doméstica estão virando doutores. O Brasil precisa investir 2,5% do PIB em C&T para dar sustentabilidade ao parque de ciência e tecnologia e garantir o desenvolvimento e a soberania nacional”.

A reitora Sandra Goulart exaltou a volta do diálogo democrático entre gestores das universidades e o governo federal, algo interrompido no governo anterior, e fez ecoou o presidente Lula para dizer que recursos destinados para educação devem ser vistos como investimentos. “Termos pessoas que nos escutem e lutem para melhorar, já é um alento. As universidades estão maiores e melhores em relação a 15 anos. Isso custa caro, mas, como diz o presidente, é investimento. Nossa luta é a luta de vocês, por um país mais justo, equânime”, afirmou.

Luciana Santos, primeira mulher a dirigir o Ministério de Ciência e Tecnologia, fez um balanço das realizações de um ano e meio de governo Lula e reafirmou compromissos caros aos pós-graduandos. “O Brasil voltou, voltou pela reconstrução de políticas públicas. A volta do impulso à vacinação, o Minha Casa, Minha Vida – que tinha sido retirado para as famílias mais pobres -, o Farmácia Popular, retiramos 24 milhões de pessoas do mapa da fome só no ano passado”, elencou, entre diversos outros feitos.

Luciana fez duras críticas à condução do Banco Central na política monetária, que manteve a taxa Selic em 10,5% na última reunião do Copom mesmo com a inflação sob controle. “Não já justificativa para o Banco Central manter as mais altas taxas de juros do planeta. Se temos a inflação sob controle, a melhor taxa de empregos dos últimos anos, o conjunto dos indicadores econômicos são bons. É por isso que temos que dizer em alto e bom som: não às absurdas taxas de juros!”, disse a ministra, sendo aplaudida pelo público.

Por fim, Luciana Santos lembrou o reajuste das bolsas de estudos realizado em fevereiro de 2023, apontou medidas para fixar jovens talentos e se comprometeu a apoiar reivindicações apresentadas pela ANPG ao governo. “Nosso compromisso com os pós-graduandos não se encerra com o reajuste das bolsas. Queremos que o Brasil seja acolhedor para pesquisadores. Vamos combater a fuga de cérebros, precisamos garantir uma política de reajuste permanente das bolsas. Precisamos garantir que o tempo dedicado seja contado para fins de previdência. Vocês podem contar comigo, serei porta voz permanente de apoio a essas reivindicações”, finalizou.

Filhos de pós-graduandos apresentam reivindicações à ministra

Durante a conferência de Luciana Santos, quatro crianças filhas de pós-graduandas subiram ao palco para ler uma carta em que reivindicaram poder acompanhar os pais em viagens. “Nós, crianças, falamos por nós mesmas, por todos do Brasil. Nossas famílias são formadas por pesquisadores e pós-graduandos. Nós, crianças, não podemos viajar com nossos pais, porque o fomento não é liberado para nós. Nossas vidas são diferentes, nós sabemos e temos alguns problemas, como não poder viajar com nossos pais quando fazem o sanduíche [bolsa sanduíche]. Nossos pais, quando não recebem bolsa, estudam e trabalham, ficam muito acarretados [atarefados] de coisas e ainda precisam cuidar de nós. Por favor, não esqueçam de nós”, apresentaram.