A reitoria da UFSCar abriu uma sindicância para investigar o assedio possivelmente sofrido por Thais Moya, ex-doutoranda da Universidade, pelo seu antigo orientador em 2010 e 2011. Thais relatou os episódios durante uma pesquisa supostamente sigilosa feita pela IES, destinada aos pós-graduandos, e que foi divulgada entre alunos e professores. O caso ganhou notoriedade pública após a doutoranda relatar o assédio sofrido em sua página do Facebook, juntamente com uma foto sua de cabelos raspados, em protesto. “Depois de muito pensar e ponderar, decidi raspar meus cabelos e publicar meu protesto em minha página do facebook, pois estava evidente, para mim, que as vias oficiais não funcionam, pelo contrário, nos casos relatados foram válvulas de ação do corporativismo presente em algumas esferas de nossa universidade”, disse a pós-graduanda à ANPG.
A comissão de sindicância, que foi aberta após uma Comissão de Averiguação ter sido criada em 2014, terá 60 dias para concluir os trabalhos, sendo que a expectativa de divulgação dos resultados é em meados de maio. A Averiguação encaminhou os resultados preliminares das investigações no dia 6 de março. A universidade afirma, em nota, que a comissão sugeriu que seja mantido o caráter sigiloso da investigação, “por se tratar de informações pessoais – ou seja, relativas à “vida privada, honra e imagem” das pessoas”.
Thais Moya relatou, em seu perfil no Facebook e para a ANPG, o que a levou a denunciar os abusos: “Eu vi nessa pesquisa a oportunidade de relatar institucionalmente, de modo seguro e sem possíveis retaliações, duas situações de abuso de professor contra estudantes. Uma situação na qual eu fui agarrada e beijada pelo meu professor e ex-orientador em duas ocasiões sem o meu consentimento e que, desde então, o mesmo progressivamente retirou-me dos projetos que ele coordena, além de dificultar meu desenvolvimento acadêmico. E outra situação que eu testemunhei de outro professor do Programa humilhar, durante dias, seu ex-orientando por meio da página do grupo de estudo (CIS, atual Quereres) no facebook e e-mails. Diante de permanente e injustificável perseguição pública, eu, na mesma página do facebook, me posicionei criticamente a tal postura. Desde meu posicionamento, o referido professor – que antes me elogiava publicamente, além de termos tido freqüentes parcerias de trabalho – passou a me tratar friamente e com desprezo”, afirma.
Essa sindicância acontece depois da grande repercussão do caso de Thais e da cobrança firme e insistente dos pós graduandos envolvidos. A ANPG continuará acompanhando esse caso e pressionando para que uma resolução justa se dê o mais rápido possível.
Documento de Direitos dos Pós-Graduandos
Da Redação com informações do R7
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