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Durante sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), sobre a privatização da Sabesp e cortes na educação estadual, estudantes e militantes de movimentos sociais foram brutalmente agredidos e detidos pela polícia militar do governador Tarcísio de Freitas.

Dos quatro estudantes detidos, dois ainda não foram liberados: Hendryll Luiz e Lucas Carvente, que é mestrando em Ciências Sociais na Unifesp.

Apesar do claro repúdio da população à privatização, expresso por 97% dos votos expressos em um plebiscito organizado por trabalhadores, o governo impôs sua pauta neoliberal com uma repressão violenta.

Exigimos a imediata liberdade dos estudantes detidos! Nos colocamos ao lado da luta dos estudantes e da população paulista em defesa da Sabesp.

São Paulo, 7 de dezembro de 2023


Um incansável em defesa da Ciência, da Amazônia e da Democracia
É com profundo pesar que a Associação Nacional de Pós-graduandos e Pós-graduandas
(ANPG) lamenta o falecimento do ilustre professor Ennio Candotti, físico italiano
naturalizado brasileiro, Professor na Universidade Federal do Espírito Santo, atualmente era
diretor-geral do Museu da Amazônia (MUSA), foi presidente da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) por 4 mandatos de 1989 a 2007, em 1998 recebeu o prêmio
Kalinga, um dos maiores prêmios internacionais de divulgação de Popularização da Ciência,
dado pela Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO).
Um incansável em defesa da Ciência e da Democracia, participou ativamente do período
de redemocratização do Brasil, à frente da SBPC liderou a mobilização da comunidade
científica pelo impeachment do Presidente Collor em 1992, mais recentemente esteve na
luta contra o golpe sofrido pela Presidente Dilma Rousself em 2016, e contra a agenda de
destruição da Ciência e do Brasil promovida por Bolsonaro.
Fundador do Museu da Amazônia, defendia a preservação e o desenvolvimento científico e
tecnológico da Amazônia como prioritário para o país. Professor Ennio, foi grande amigo da
ANPG, um incentivador e defensor da participação dos jovens na Ciência e na política, e
sempre nos recebeu de braços abertos nos espaços da SBPC.
Sua partida deixa uma lacuna irreparável na comunidade científica brasileira. Seu legado
será eternamente lembrado como exemplo de dedicação, comprometimento e amor e luta
pela Ciência, pela inclusão social, em defesa da Amazônia e da Democracia.
Diretoria da ANPG

No último dia 22 de novembro, a Capes divulgou uma importante alteração nos critérios de comprovação de fluência linguística para os interessados em participar do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE), o que ajudará a democratizar o processo e ampliar a participação dos pretendentes à bolsa.

De acordo com o edital 30/2023, que está aberto no momento, a agência passará a aceitar como comprovante do domínio da língua estrangeira uma declaração de reconhecimento emitida pelo orientador no Brasil e pelo coorientador da instituição que receberá o estudante no exterior. No entanto, caso a universidade de destino não aceite esse termo, o bolsista ainda poderá fazer a prova de proficiência, como no modelo anterior.

A ANPG havia levado essa reivindicação à Capes e elogia o novo modelo. “Sem dúvidas é um avanço para ampliar as possibilidades de participação dos estudantes que pretendem ter bolsa no exterior. Antes a única opção era uma prova de proficiência, que é cara para os estudantes pagarem. Aagora há mais alternativas, o que democratizar o acesso e facilita a vida do pós-graduando”, avalia Vinícius Soares, presidente da ANPG.

ATENÇÃO: PDSE tem inscrição abertas para mais de 1.500 bolsas

O Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior está com as inscrições abertas para a obtenção de 1.518 bolsas. As instituições têm até 6 de dezembro para realizar as seleções internas e os candidatos indicados terão de 7 a 18 de dezembro para apresentar a candidatura no Sistema de Inscrições da CAPES (Sicapes).

Durante debate realizado no 45º Conselho Nacional de Pós-Graduandos da ANPG, no Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife (PE), Vinícius Soares fez a entrega do abaixo-assinado com mais de 25 mil assinaturas em apoio à campanha pelos direitos previdenciários dos pós-graduandos à Mercedes Bustamante, presidenta da Capes, Yann Evanovick, do MEC, e Inácio Arruda, do MCTIC.

Segundo o presidente da ANPG, a meta é superar os 100 mil apoiamentos à pauta até o início do próximo ano para fortalecer a luta pela aprovação de um projeto de lei que contabilize os anos dedicados ao mestrado e doutorado para a aposentadoria dos pesquisadores e proporcione acesso à seguridade social aos mesmos. O formato jurídico da proposta ainda está em discussão, mas a ideia é tomar por base o que já ocorre com os residentes em saúde, que têm uma alíquota diferenciada e um sistema simplificado de contribuição previdenciária.

“A direção da ANPG tem se debruçado muito em uma formulação política sobre qual é o lugar do pós-graduando no mundo do trabalho e da formação, e foi assim que chegamos na concepção da garantia de uma cesta de direitos básicos para os pós-graduandos, porque estamos entre ser estudante e ser trabalhador, mas o Estado brasileiro ainda não nos reconhece enquanto trabalhador e nem as universidades, muita vezes, nos reconhecem como estudantes”, discursou, ressaltando o caráter híbrido dos pós-graduandos.

Além do acesso à Previdência Social, a cesta de direitos reivindicada incluiria certas conquistas básicas que já são realidade para todas as categorias laborais, como 13ª bolsa (equivalente ao 13º salário de um trabalhador) e férias anuais, além de direitos estudantis, como acesso a políticas públicas de permanência.

À partir da entrega das assinaturas feitas no CONAP, a entidade convocou os estudantes a uma mobilização permanente nas universidades para ampliar a adesão à campanha pelos direitos previdenciários, promovendo debates sobre o tema e dialogando com lideranças políticas e acadêmicas em seus estados.

O último painel de debate do 45º CONAP, ocorrido na tarde de sábado (18), contou com a colaboração dos expositores Fábio Guedes, secretário-executivo da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.Br), e a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), sob a mediação de Vinícius Soares.

A ICTP, conforme explicação de Fábio Guedes, é um pool de entidades acadêmicas e científicas, organizada a partir de 2017, para atuar junto ao Congresso Nacional em busca de medidas que beneficiem o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro, articulação que foi fundamental para evitar muitos retrocessos no governo Bolsonaro. “Temos muitos desafios pela frente, mas nós pulamos uma fogueira muito grande. O momento de resistir ao governo negacionista da ciência, da educação e da cultura já passou, agora é hora de construir”, lembrou.

Segundo Guedes, uma conquista estratégica para o segmento de ciência e tecnologia foi fazer valer a Lei 177/2021, que permitirá de fato a utilização plena dos recursos do FNDCT, cerca de 10 a 12 bilhões em verbas destinadas a projetos estratégicos financiados pelo fundo e que fazem o caixa da Finep, que empresta a juros baixos para projetos de inovação científica.

“A luta pela frente é garantir o aumento do orçamento da Capes, para ter mais bolsas de mestrado e doutorando, e do CNPq, para ter mais bolsas de pós-doutorados e de pesquisas. Agora, cerca de 95% dos recursos do CNPq são para pagar essas bolsas e quase não há dinheiro para custeio às pesquisas. O orçamento do CNPq hoje é menor do que o da Fapesp”, afirmou.

Fábio alertou para a diminuição na oferta de bolsas no país, desde seu melhor momento, no ano de 2014. “A diferença de 2014 para 2023 em bolsas de mestrado é de 19 mil bolsas a menos. As de doutorado são 7 mil a menos. O déficit de bolsas de pós-doutorado é de 5 mil. Mesmo que a PLOA de 2024 não recupere todo esse déficit de imediato, que ao menos haja uma sinalização. Se a ciência voltou, que saia do discurso”, finalizou.

A deputada Alice Portugal disse que o panorama da pós-graduação no Brasil se alterou nas últimas décadas, deixando de ser algo para uma pequena elite dos grandes centros econômicos para um contingente de quase 300 mil pessoas, o que requer uma contrapartida na concessão de bolsas. “A luta de vocês, desde a criação da ANPG, foi mudando esse quadro. No Brasil de hoje, temos em torno de 251 mil pós-graduandos e apenas 90 mil são bolsistas. Apenas 36% dos pós-graduandos têm bolsas e isso é uma situação que leva ao abandono, pois apenas os mais aquinhoados têm possibilidade de se manter”.

Sobre os direitos dos pós-graduandos, Alice reafirmou o compromisso com o mecanismo de reajuste anual das bolsas para que os benefícios não fiquem defasados. “É preciso reajustes que garantam a necessidade dos pós-graduandos, com atualização anual, assim como no salário-mínimo. Os pós-graduandos se tornaram numerosos, mas sem direitos”.

Segundo a deputada, o mesmo vale para os direitos previdenciários, projeto de lei que ela tem liderado a construção no Congresso Nacional. “A condição híbrida do pós-graduando precisa ser reconhecida. Não é possível perder 2, 3, 4 anos do tempo de labor para a aposentadoria”, disse, informando que estão buscando junto aos técnicos do governo e do parlamento a melhor solução jurídica que contemple inclusive os não-bolsistas. O modelo mais próximo, base inicialmente pensada para o projeto, é o dos médicos-residentes, que já têm o tempo contado para fins de aposentadoria.

Para Alice, obter essa conquista depende de prioridade política e para isso será preciso mobilização social. “A frente ampla que possibilitou a vitória sobre a extrema-direita nos obriga a exercitar o binômio da unidade e luta. A luta nessa questão dos direitos previdenciários vai exigir essa ideia de unidade e luta, fazendo as pressões adequadas no parlamento, pressões que vão exigir mobilização para além do abaixo-assinado”.

A parlamentar celebrou a aprovação do plano de assistência estudantil, pela primeira vez na história incluindo os pós-graduandos como beneficiários, e propôs o debate sobre incentivos fiscais para empresas que contratem mestres e doutores.

Finalizando o debate, Vinícius Soares fez um breve retrospecto sobre as diversas propostas legislativas que versam sobre direitos dos pós-graduandos – a primeira delas, data de 1985, há quase 40 anos – e conclamou as APGs a uma grande mobilização pela conquista dos direitos previdenciários. “Não podemos e não aceitaremos esperar mais quarenta anos!”, concluiu!

Em reconhecimento aos esforços da deputada Alice Portugal na luta pelos direitos dos pós-graduandos, a ANPG agraciou a parlamentar com a Medalha José Augusto Mochell, condecoração com o nome do fundador da entidade destinada àqueles que contribuem com a ciência e a pós-graduação.

O segundo dia de debates do 45º CONAP teve início, na manhã deste sábado (18), com a mesa de debates sobre a absorção de recursos de alto nível, a formação e a empregabilidade dos pós-graduandos, um dos maiores desafios para os jovens cientistas atualmente. Mediada pela vice-presidente Ana Priscila, a mesa teve como palestrantes o diretor científico do CNPq, Olival Freire, Diógenes Moura, doutor em desenvolvimento econômico pela Unicamp, e Aline Duarte Folle, do Núcleo de Vivências de ex-Bolsistas Brasileiros no Exterior.

Segundo Diógenes, que iniciou sua contribuição dizendo-se estar na condição de um doutor precarizado, quando se fala na “fuga de cérebros” tem que se levar em conta os que saem do país para melhor desenvolverem suas pesquisas, mas também sobre a grande maioria que fica no país e não encontra espaço para atuar. “Precisamos falar dos que vão e dos que ficam, porque, nos dois casos, estamos falando de um grande desperdício de recursos do Estado”, afirmou.

Para ilustrar o tamanho do problema da empregabilidade, o pesquisador apresentou uma pesquisa feita com doutores brasileiros nos EUA. Quando perguntados se pensavam em permanecer ou voltar, cerca de 73% dizem que querem ficar, segundo Diógenes, porque o Brasil carece de uma política nacional de fixação. “Segundo dados do CGE, a taxa de desempregos de doutores no Brasil pode chegar a 25%, quando a média mundial é de 2%”.

De acordo com Diógenes Moura, não há como se pensar na absorção da mão de obra altamente especializada sem modificar a própria estrutura produtiva do país. “É impossível pensar que os 20 mil doutores formados anualmente no Brasil vão todos ingressar na universidade. É preciso um parque tecnológico industrial brasileiro, tema que nós temos que discutir para falar sobre a retenção. Não há exemplo na história de um país que deu salto tecnológico exportando produtos primários. Não é possível pensar o avanço da C&T sem enfrentar a estrutura dependente em que o Brasil está assentado” apontou.

O professor Olival Freire relatou os casos de desqualificação e perseguição da ciência no Brasil em momentos recentes, relembrando exemplos como o do reitor Luiz Carlos Cancellier, que cometeu suicídio após ter sido injustamente preso em operação ligada à Lava-Jato, e de Ricardo Galvão, então presidente do INPE, demitido após se negar a maquiar números sobre o desmatamento da Amazônia, para demonstrar o obscurantismo que o país enfrentou nesse período.

Olival fez um apanhado das medidas que o governo Lula tem procurado implementar para reconstruir as políticas públicas na área de ciência e tecnologia, considerando o descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico como a mais importante para investir em projetos que auxiliem na fixação de doutores. “Tivemos 3 ou 4 meses de debate sobre a político de uso dos recursos do FNDCT. O plano de gastos para o próximo triênio conseguiu vencer os interesses mais localistas para focar em grandes temas”, afirmou, sendo que parte das verbas serão destinadas ao enfrentamento do tema.

O FNDCT terá 1,5 bilhão para a rubrica chamada Conhecimento Brasil, que serão disponibilizados através de editais para repatriar cientistas que estão no exterior. Haverá ainda programa, em fluxo contínuo, para reparação emergencial de equipamentos para pesquisa, além de lançamento de editais para fixação de pós-doutores e pesquisadores visitantes.

Contudo, mesmo com tais políticas, o diretor do CNPq faz coro com a necessidade de uma retomada da industrialização como o caminho de médio e longo prazos para a absorção de mão de obra qualificada. “O Brasil gasta 1,2% do PIB em C&T, sendo 0,6% público e 0,6% privado. Mas o 0,6% privado está condensado em algumas empresas [como a Petrobrás, que é uma sociedade de economia mista, de capital aberto, que que tem a União como principal acionista] e não espraiado na sociedade, o que nos traz o problema da empregabilidade. Só teremos condições de empregar 20 mil doutores ao ano se mudar a estrutura produtiva do país”, finalizou.

Aline Duarte Foli, do Núcleo de Vivências de ex-Bolsistas Brasileiros no Exterior, relatou um pouco dos percalços vividos pelos pesquisadores radicados no exterior. O grupo, formado por ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras, tem se reunido para debater formas de colaboração e internacionalização da ciência.

Segundo ela, a atração de mestres e doutores em países desenvolvidos se deve a motivos estruturais, inclusive direitos trabalhistas e previdenciários. “Há uma disparidade muito grande entre a empresa nos EUA e sua filial no Brasil. Aqui, eles só querem vender. Lá, há até carreira de pesquisador”, disse.

Aline criticou a forma como os governos anteriores agiram ao desmobilizar o Ciência Sem Fronteiras, com exigências que trouxeram dívidas impagáveis aos pesquisadores. “As agências, ao invés de acompanharem a situação e darem suporte aos bolsistas, criaram quase que uma perseguição, punição, a esses ex-bolsistas, como se fossem culpados pelo fenômeno social da fuga de cérebros”.

Por fim, ela sugeriu mecanismos para que o Brasil possa absorver as contribuições desses bolsistas, que, afinal, obtiveram investimentos públicos para suas formações, sem necessariamente serem obrigados a voltar ao Brasil, como a reformulação da Política de Novação para aproveitamento do potencial do ex-bolsista no exterior e o suporte para que ex-bolsistas no exterior contribuam para educação e CT&I brasileiras e sem necessidade de retorno físico.

Em ato realizado na sequência da abertura do 45º CONAP, a ANPG lançou o projeto “Memória em Cartaz: a história da pós-graduação no Brasil”, que buscará coletar informações e documentos que ajudem a resgatar e contar a trajetória do movimento nacional de pós-graduandos, que contribuiu na luta pela redemocratização do país e desaguou na fundação da entidade.

Para tanto, foi constituído o Conselho de Memória, que reúne os presidentes e coordenadores gerais que comandaram a ANPG em seus 37 anos. Além de Vinícius Soares, participaram do lançamento do Conselho os ex-presidentes Carlos Alberto Saraiva Gonçalves, Roberto Germano Costa, Afonso Celso Dias Bainy, Roberto Muniz Barretto de Carvalho, Divinomar Severino, Felipe Chiarello de Souza Pinto, Maria Luiza Nogueira Rangel, Elisângela Lizardo de Oliveira, Luana Meneguelli Bonone, Marcelo Christoff e Tamara Naiz da Silva, além de Fabio Palácio, professor da UFMA e de extensa contribuição ao movimento de pós-graduandos.

O projeto Memória em Cartaz será coordenado por Alana de Moraes, doutoranda em história pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), e por com Karlla Felix, mestre em história pela mesma instituição.

Durante o CONAP, foram gravados depoimentos dos antigos dirigentes sobre aspectos mais marcantes de seus períodos à frente da entidade. A ideia é que as falas sejam matéria-prima para produção de um documentário sobre a história da entidade e que as APGs de todo o país se envolvam no esforço de levantar informações e documentos para formar um acervo.

Na noite anterior, a ANPG ofereceu um jantar aos ex-presidentes, na cidade de Olinda (PE). O evento, um descontraído encontro que uniu diferentes gerações de pós-graduandos, foi a largada do projeto.

Na tarde desse primeiro dia do já exitoso 45º CONAP, os debates se voltaram para o desafio de reindustrialização do país e o papel da pós-graduação nesse processo. O painel foi mediado por Vinícius Soares e teve como debatedores o ex-senador a atual Secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, a presidenta da Capes, Mercedes Bustamante, e o deputado federal Renildo Calheiros.

Inácio Arruda falou sobre a importância de transferir a tecnologia para a apropriação por grandes parcelas do povo, envolvendo milhões de brasileiros no processo de desenvolvimento. “É preciso confiar na sabedoria do nosso povo, transferir tecnologia através de tecnologias sociais. Como o povo vive nas favelas desse país? Já existe muita pesquisa sobre isso, mas a verdade é que ele resolve problemas concretos, objetivos, para conseguir sobreviver nessas comunidades. Então, é preciso construir ciência para resolver esses problemas concretos”, disse.

O secretário frisou que aposta na pressão popular para que o governo consiga reunir forçar para fazer as transformações necessárias ao país e conclamou uma grande mobilização no processo de conferências que será realizado. “Lula venceu com mais de 50% dos votos, mas não conseguimos eleger sequer 1/3 do Congresso Nacional. Por isso, o presidente tem dito que precisa da pressão popular para ajudar o governo. Os movimentos têm suas próprias agendas, mas teremos as conferências. Tivemos um grande Conferência de Saúde e vamos ter outras conferências, vamos ter a Conferência de Educação e a Conferência de Ciência e Tecnologia, que serão espaços institucionais para a pressão popular ser canalizada por esses caminhos que fortalecem as políticas públicas”, afirmou.

Para Inácio, políticas como o déficit zero dificultam criam amarras ao desenvolvimento, mas são fruto de pressão das elites, portanto, é preciso contrapressão para balizar as decisões políticas mais importantes. “Essas decisões fundamentais para os destinos do país não vêm num raio em céu azul. É preciso debate e discussão e, sobretudo, decisão política! Ao invés de formar técnicos capacitados aqui e exportar para outros países, vamos fazer ao contrário: vamos convidar esses jovens para voltarem ao Brasil, vamos oferecer oportunidades aqui”, concluiu.

A presidenta da Capes, Mercedes Bustamante, rememorou o período coincidente de fundação da Capes (1951), CNPq (1951) e BNDES (1952) como a demonstração de um Estado que se equipava para dar um salto de desenvolvimento. “A Capes tem 76 anos, nasceu junto com o CNPq e o BNDES. Via-se que o Brasil apostava em um ciclo de industrialização”.

Bustamante relatou as dificuldades herdadas do governo anterior como um grande entrave e que tem exigido um esforço de reconstrução de políticas, desde a própria formulação do orçamento. “No orçamento do mandato anterior, só havia recursos para a Capes funcionar até setembro. A PEC da Transição possibilitou que tivéssemos recursos para funcionar, que pudéssemos fazer o reajuste das bolsas, mas não permitiu ainda que retomássemos o programa de pós-doutorado, que permitirá essa fixação dos cientistas aqui”, disse.

A professora também reforçou a necessidade de maior interação entre a academia e a indústria para que a mão de obra especializada possa encontrar caminhos no mercado. Precisamos pensar na empregabilidade. Por que nossas empresas absorvem pouco esses recursos humanos? Esse é um debate que temos que fazer junto com a ciência e tecnologia”. “As balizas do trabalho da Capes têm sido diálogo, transparência e estabilidade, previsibilidade para que o estudante saiba que ele vai iniciar e terminar com a bolsa dele garantida. Esse Brasil do século XXI é de vocês e cabe a nós apoiar”, finalizou.

“Aqui no Brasil está presente 20% de toda a água doce do mundo. Somos o segundo mais rico do mundo em minérios. Temos a fauna e a flora mais ricas do mundo. Somos um país muito grande, com mais de 200 milhões de pessoas, e falamos uma única língua. Não temos lutas separatistas ou por fronteiras. Essas são riquezas que nem se consegue dimensionar”, iniciou o deputado federal pernambucano Renildo Calheiros, abordando as imensas potencialidades do país.

Para o parlamentar, não faz sentido que o país subaproveite tamanhas riquezas e mantenha contido seu potencial de desenvolvimento. “O Brasil já chegou ao ponto de ser um país de produção importante de petróleo, mas nós exportamos o petróleo e importamos gasolina e óleo diesel. Precisamos investir em pesquisa e investir na transformação dessa pesquisa em bens, produtos e serviços, porque isso é o que eleva a qualidade de vida da população”, afirmou.

Na opinião do deputado, por trás dessas opções que mantém o país subalterno está um projeto das elites que se voltam para fora. “Mesmo com toda essa riqueza, sustentamos a vergonhosa condição de maior desigualdade do mundo. Somos os maiores produtores de grãos e temos parte da nossa população passando fome. Isso porque nossas elites econômicas sempre governaram o país de costas para o povo e sempre se deu pouca atenção a sua industrialização”.

Renildo frisou que Lula assumiu o país em uma situação muito difícil e esse não é um problema só do governo, mas da sociedade brasileira, porque as políticas públicas precisam de recursos para serem feitas. “Temos que ter voz ativa, brigar por isso, pressionar por isso. Precisamos transformar esse país maravilhoso, com todo esse potencial, num lugar cada vez melhor para se viver, trabalhar e prosperar”, finalizou.